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O perfil dos universitários americanos e como se identificam nas últimas décadas mudou. Na foto, alunos de Princeton em 2013. (Foto: Divulgação/Denise Applewhite/Princeton University)
O número de estudantes que se identificam como transgênero ou queer está em declínio nos Estados Unidos, enquanto o percentual dos que afirmam ser heterossexuais cresceu.
Após um aumento expressivo nas décadas de 2010 e 2020, o índice de universitários que afirmam ser transgênero caiu de quase 7% em 2023 para menos de 4% em 2025. Já os que se identificam como heterossexuais aumentou de 68% em 2023 para 77% em 2025.
Os dados foram divulgados em 10 de outubro em um levantamento realizado pelo Centro de Ciências Sociais Heterodoxas da Universidade de Buckingham, na Inglaterra. O relatório analisou várias pesquisas que mapearam a identificação de gênero e a orientação sexual de jovens americanos.
Entre as pesquisas utilizadas estão as entrevistas de mais de 50 mil alunos feita pela Fundação para os Direitos Individuais e a Expressão (FIRE) em campi universitários, principalmente nos de pesquisa de ponta. Também foram entrevistados estudantes do ensino médio.
Mudanças na sexualidade
De acordo com o relatório da Universidade de Buckingham, a identificação da sexualidade também mudou de 2023 para 2025.
As tendências em orientação sexual são mais complexas, mas mostram um retorno à heterossexualidade, mesmo com as categorias de gays e lésbicas permanecendo estáveis.
No caso dos estudantes que se identificam heterossexuais, houve uma recuperação. Em 2020, o percentual registrado havia sido de 80%. Depois, houve um encolhimento de 12 pontos percentuais. Agora o valor voltou a subir e está apenas 3% abaixo do medido em 2020.
O estudo “O declínio da identidade trans e queer entre jovens americanos”, conduzida pelo professor Eric Kaufmann, da Universidade de Buckingham , sugere que a porcentagem de membros não binários da Geração Z nos EUA diminuiu nos últimos anos.
Queer é uma categoria genérica para pessoas que não se veem como heterossexuais mas tampouco afirmam diretamente serem gays ou lésbicas.
Os resultados apontaram que apenas 3,6% dos jovens adultos se identificaram como um gênero diferente de masculino ou feminino — um declínio constante em comparação com 5,2% em 2024 e 6,8% em 2023.
Entre os outros “não-heterossexuais”, houve queda de 10 pontos percentuais no geral, sendo que a redução foi mais acentuada em categorias como pansexual e assexual.
A bissexualidade aumentou de 9% para 12% entre 2020 e 2023. Mas foi menor que 11% em 2025.
A categoria queer subiu de 7% para 15% entre 2020 e 2023, caindo para 8% em 2025.
Motivos do declínio
A pesquisa não deixa claro o motivo do declínio na identificação BTQ+ (sigla para bissexual, transgênero e queer). Segundo o relatório, não há um único motivo.
Os pesquisadores disseram que parecia que os “trans e queer estão saindo de moda entre os jovens, especialmente em ambientes de elite”. E que embora a saúde mental não seja “responsável” pelo declínio, ela parece “responsável por uma parte da mudança”.
Ritch Savin-Williams, professor de psicologia na Universidade Cornell, que não participou do estudo, disse à revista americana Newsweek que refuta essa explicação. Para ele, qualquer declínio na identificação BTQ+ seria “por causa das políticas negativas em torno dos trans”, já que “os jovens percebem que se identificar como trans pode prejudicar suas carreiras”.
Os pesquisadores acreditam que a influência da cultura woke, o uso constante das mídias sociais desde a década de 2010 e as guerras cultural e ideológica tiveram efeito nas identidades de gênero e sexuais dos estudantes. Porém, nada relevante, pois o cenário dos últimos dois anos nesses quesitos permaneceu estável.
O que estas mudanças significam
O estudo afirma que o declínio na identificação trans, queer e bissexual entre estudantes americanos pode indicar uma mudança cultural significativa.
O documento não apresenta uma análise detalhada das mudanças por faixa etária, mas menciona algumas tendências gerais entre os jovens.
Por exemplo, o relatório mostra que alunos no primeiro ano do ensino médio são menos propensos a se identificar como BTQ+ em comparação com os estudantes mais velhos. Isso sugere que as identidades trans, bissexuais e queer estão se tornando menos populares entre as novas gerações.
“Só o tempo dirá se o declínio substancial da identificação com BTQ+ continuará entre os jovens americanos. Se assim for, isso representa uma mudança cultural pós-progressista significativa e inesperada na sociedade americana, que está claramente em desacordo com as expectativas dos observadores da esquerda cultural em instituições educacionais e veículos de mídia tradicionais”, diz a conclusão da pesquisa.


