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Na noite desta segunda-feira (31), o ator Silvero Pereira compartilhou um vídeo no Instagram, relatando que foi vítima de ameaças por parte do sindico do prédio em que reside. Tudo começou após o artista cearense comemorar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas eleições do segundo turno para o cargo de Presidente da República.
“Ontem, pouco antes do resultado final das eleições, voltei para a minha casa muito feliz. Buzinei, entrei na área privada da minha casa, cantei muito, coloquei a música alta. Depois eu saí do condomínio, fechei o portão e, do lado de fora do condomínio, que fique bem claro, na rua, eu cantei, eu gritei muito”, iniciou Silvero.
O intérprete de Zaquieu do remake de ‘Pantanal’, trama que antecedeu ‘Travessia’ na TV Globo, deu mais detalhes do caso. “Eis que em determinado momento veio o síndico do condomínio, rodeado de seus familiares. O filho pedindo calma ao pai, a filha enfurecida. E vieram em direção ao portão dizendo que eu estava desrespeitando o condomínio, sendo que eu estava do lado de fora, estava na rua”, frisou.
A situação que já estava densa piorou ainda mais: “A filha dele então me chamou de vagabundo e que eu deveria respeitar o pai dela. Eu disse ‘do que você me chamou?’ Ela falou ‘de vagabundo, você é um vagabundo’. Eu, sou um vagabundo? Eu, que não devo nada a este condomínio, pago categoricamente, até adiantado o condomínio. Pago meu aluguel em dia, não devo nada a nenhuma das pessoas daqui. Eu trabalho constantemente, diariamente. Emprego várias pessoas dentro do meu trabalho, da cultura, dentro da arte que eu faço”, argumentou.
Silvero finalizou o drama vivido por ele. “E ainda no final recebi uma leve ameaça do sindico, dizendo ‘o que é seu está guardado, você vai sofrer sérias consequências com isso’. Agora estou aguardando as consequências do síndico, depois dou mais notícias de quais foram”.
Arrependimento
Silvero Pereira participou do podcast ‘Papo de Novela’, no Gshow, e contou que se arrependeu de ter interpretado Elis Miranda, na novela ‘A Força do Querer’, em 2017. A personagem foi um marco em sua estreia nas novelas da Globo, mas para ele, ter aceitado o papel tirou a oportunidade de uma atriz trans ser contratada pela emissora.
“Hoje eu não faria a Elis Miranda, muito provavelmente. Porque eu também me reeduquei sobre essa história, e a gente precisa estar de acordo com as lutas e as causas. Depois de ‘A Força do Querer’, eu não aceitei mais nenhum personagem trans/travesti, e inclusive deixei de fazer meus espetáculos por causa disso”, começou dizendo.
Silvero continuou: “Eu fui entendendo, sendo informado e compreendendo essa questão dentro do mercado. Se a gente aceita, a gente está impedindo o mercado de ir em busca dessas pessoas. (…) Hoje, nós não vivemos num mercado em que exista proporcionalidade. Se nós existíssemos dentro de um mercado de proporcionalidade onde as pessoas têm acesso ao estudo e à formação, aí sim a gente estaria em uma outra discussão”, analisou.
O artista criticou o mercado da teledramaturgia em só convidá-lo para fazer personagens gays. “Não é porque eu sou um ator assumidamente LGBT e porque estou claramente LGBT nas minhas redes e em todo lugar que eu vou, que eu não sou capaz de fazer um personagem hétero, que fuja da minha sexualidade. Espero que o mercado seja um pouco mais inteligente nesse aspecto, que o mercado passe a fazer convites para mim que não sejam só para defender minha causa”, falou.
Ainda no podcast, o ator contou já ter recusado trabalhos que tinham falas transfóbicas. “Eu já recusei trabalhos porque tinham falas transfóbicas que nem eram da minha personagem. Eu falei: ‘Caramba, mas e essa fala?’. ‘Ah, mas nem é seu personagem que fala’. ‘Amigo, não tem nada a ver com isso! Não é sobre meu personagem, é sobre seu projeto ser transfóbico. E eu não posso estar dentro de um projeto transfóbico. Isso fere ao meu desejo enquanto pessoa, enquanto comunidade, enquanto sociedade’”, frisou.
Veja o vídeo:
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