Vídeo: modelo trans é esfaqueada por vizinhos na zona leste de SP

1 week ago 17
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A modelo transexual e produtora Patty Michelletti, de 26 anos, foi brutalmente agredida com facas e tijoladas por vizinhos na frente de sua casa em um bairro residencial localizado na Zona Leste de São Paulo.

O caso que aconteceu na noite de sábado (15), foi registrado no 50º Distrito Policial e encaminhado ao 68º Distrito Policial (Lageado). Até o momento, ninguém foi preso. 

O crime foi registrado por câmeras de segurança que flagraram um grupo de aproximadamente seis pessoas, por volta das 19h da noite, arrastando a modelo de dentro da residência e a agredindo no meio da rua.

Veja o vídeo:

Entenda o caso

De acordo com relatos ouvidos pela CNN Brasil, a confusão se iniciou no começo do dia quando a tia de Patty, que mora junto com ela e que também é transexual, ouviu a vizinha batendo no próprio filho. Em decorrência das agressões, ela tentou intervir pedindo para que a mulher parasse. A vizinha, então, reagiu com insultos transfóbicos chamando a tia de "homem" e a ofendendo com outros xingamentos.

Por volta das 17h, Patty chegou em casa e foi pedir para a mulher parar de falar assim com sua tia. Depois de algumas horas, elas foram surpreendidas com a porta e o portão da residência arrombados a machadas pelos vizinhos.

Ao invadir a casa, o grupo começou a agredir a tia da modelo, a puxando pelos cabelos e a jogando na calçada. Patty ouviu o barulho das agressões e foi defender a tia. Foi neste exato momento em que começou a ser espancada pelos vizinhos, que também utilizaram outros objetos para acertá-la.

"Na hora ela já foi acertada, porque tinham dois homens e duas mulheres, que eram dois casais. [Ela foi] acertada no peito por uma voadora. O homem deu uma voadora no peito dela. E na sequência, as pessoas começaram a atacar ela. Primeiro, uma mulher com tijolo foi para cima dela para tentar acertar a região da cabeça. E aí ela conseguiu conter, conseguiu segurar e foi tentar se defender", explicou a advogada da modelo, Rosalia Karavla.

Ainda segundo a defesa de Patty, os vizinhos a agrediam simultaneamente: uns com chutes e socos, e outros com facadas na região do rosto e pescoço. O espancamento só foi interrompido depois que uma outra vizinha chega e consegue ajudar a modelo, pedindo para que os outros parassem com as agressões.

"E aí eles param de atacar ela. Na hora que a que a vizinha vê ela, ela tá toda ensanguentada. Além disso eles chamavam [no momento da agressão] ela de homem, até porque dá para ouvir na gravação: 'Eu vou te matar, solta ela que eu vou matar' e foi isso que aconteceu. E aí a vizinha conseguiu colocar ela para dentro, tirá-la daquela situação para que não acontecesse mais nada", conclui a advogada.

Patty Michelletti foi levada ao hospital e a polícia foi acionada. Segundo Rosalia, quando os policiais chegaram na residência, os agressores já não estavam mais no local.

A CNN Brasil entrou em contato com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) que informaram, em nota, que um inquérito policial foi instaurado para investigar os crimes de discriminação e tentativa de feminicídio. Além disso, foi solicitado exames de corpo de delito à vítima. O orgão termina o comunicado afirmando que "demais diligências seguem em andamento para esclarecer os fatos".

A CNN Brasil não localizou os demais envolvidos na confusão. O espaço segue aberto.

"Tentaram arrancar a minha vida", diz modelo trans

Patty Michelletti, usou suas redes sociais para desabafar e denunciar as agressões. A modelo, que possui mais de 5 mil seguidores, afirma que está abalada e que acredita que tentaram "transforma-lá em silêncio". 

" A transfobia é cruel. A gente cresce acreditando que isso acontece longe, com outras pessoas, em outras histórias… até o dia em que quase viramos estatística. Eu quase fui. E talvez seja por isso que agora eu escolha a vida com ainda mais força, mais coragem e mais verdade", escreveu Michelleti.

A deputada Erika Hilton (PSOL), primeira travesti negra eleita na história do país, prestou solidariedade a modelo. Em um pronunciamento no X (antigo twitter), ela repudiou o ocorrido, pediu justiça e afirmou que está prestando todo o apoio jurídico necessário à Patty. 

"Acionamos o Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância do Ministério Público de São Paulo para o acompanhamento do caso. A transfobia, e toda forma de LGBTfobia, é CRIME, equiparado ao crime de racismo, inafiançável e imprescritível", declarou a parlamentar.

*Sob supervisão de AR.

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