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A vereadora Benny Briolly (Psol), de Niterói, usou suas redes sociais para denunciar mais uma ameaça de morte, nesta quarta-feira (9). A parlamentar, primeira travesti eleita no Rio de Janeiro, já recebeu, ao todo, seis ameaças desde o início deste ano.
Em imagens compartilhadas em sua rede social, a parlamentar divulgou os e-mails com as ameaças recebidas. Um deles se refere à vereadora como "macaco" e diz ter contatos na região de Niterói para conseguir um canhão e explodir sua casa enquanto ela estiver dormindo. "Durma de olhos abertos", alerta o texto.
Outra diz que se Benny não renunciar ao seu mandato, irá explodir seu gabinete. "Sou pedófilo e terrorista assumido e irei explodir seu gabinete com você dentro se você não renunciar. Você tem 90 dias para renunciar, senão já sabe o que vai acontecer!", diz um trecho do e-mail.
Benny disse ainda que já enviou à Polícia Civil um dossiê com mais de 20 ameaças dirigidas a ela em menos de um ano, mas, até o momento, ninguém foi responsabilizado.
Em outro e-mail, o autor diz que irá "dar o tiro de misericórdia" na testa da parlamentar. "É isso mesmo que você leu! Sou um completo fantasma e tenho certeza da impunidade. Já tenho tudo preparado para fugir do país. Este e-mail também nem você nem os porcos vagabundos da (Polícia) Civil de Niterói vão conseguir rastrear. A Polícia Federal também, já que eles não possuem jurisdição na Alemanha. Por que acha que ninguém achou o responsável por matar Marielle Franco? Aguarde a visitinha da minha Glock G25 calibre 380. TIC TAC."
Apesar das constantes intimidações, Benny disse que não vai interromper seu mandato. "Não voto contra meu povo, não me conformo com a sujeira da velha política e nado contra corrente da corrupção e injustiças. Sou a primeira travesti eleita no Rio de Janeiro, a mulher mais votada de Niterói. E não 'será' ameaças de morte vinda daqueles que temem o poder de transformação que meu corpo carrega. Não aceito ser intimidada e nem renunciarei do cargo a qual fui eleita democraticamente pelo povo. O racismo e transfobia que sofro me trazem mais sede de justiça e força pra continuar lutando", escreveu a vereadora.
Nesta quarta-feira (9), Benny iria à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) para registrar as novas ameaças junto ao Instituto de Defesa a População Negra (IDPN). No entanto, segundo relatou a própria vereadora, o Programa de Proteção que a acompanha avaliou que não seria seguro.
"A minha mobilidade está limitada pela falta de segurança e respostas do Estado. Sigo aguardando medidas protetivas eficazes. Estou firme na luta! A discriminação não irá me fazer retroceder pois sei que não ando só!", desabafou Briolly. "Os ataques, ameaças e ofensas NÃO DIMINUEM a minha sede de TRANSformar a política brasileira. Eu sou uma travesti preta e favelada. (...) Minha eleição é símbolo de reparação e justiça e só estou aqui pela luta travada pelos meus ancestrais desde África", declarou ela em outro trecho.
Em maio de 2021, Benny deixou o país por orientação de seu partido como medida de segurança. Uma semana depois, o Ministério Público Eleitoral (MPE) determinou que a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) adotassem medidas urgentes à proteção da vereadora.