V Fórum de Direitos Humanos da UFSM trouxe discussões de gênero e diversidade - Diário

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Foto: Eduardo Ramos (Diário)

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através do Observatório de Direitos Humanos (ODH), promove durante a JAI a 5ª edição do Fórum de Direitos Humanos. O evento ocorre entre os dias 07 e 10 de novembro e tem como objetivo dar visibilidade às ações desenvolvidas e fomentadas pelo ODH na universidade, além de difundir uma cultura de cidadania e respeito à diversidade.

De acordo com o chefe do ODH, Victor de Carli Lopes, o Fórum também busca mostrar para a comunidade acadêmica as trajetórias, lutas e perspectivas de grupos minoritários. Para ele, realizar o evento durante a JAI é muito importante para a instituição refletir sobre as suas atividades.

– A gente realiza essas ações de extensão sempre fora dos muros acadêmicos e distante da universidade e esse é o momento que a gente tem para trazer as pessoas até aqui para a gente repensar a nossa forma de ensino. A edição deste ano está muito interessante e estamos conseguindo atingir o nosso propósito que é poder dialogar com a comunidade externa e com os nossos estudantes. Ainda vamos ter mais algumas atividades durante a semana e convidamos todo mundo para vir e conhecer o nosso trabalho – comenta Victor.

Em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI), Casa Verônica e Pró-Reitoria de Extensão a edição deste ano deu um destaque especial para as questões de gênero. Atividades voltadas para o público LGBTQIA+ foram realizadas para celebrar um ano da resolução 64/2021, que prevê a criação de uma Política de Igualdade de Gênero dentro da instituição.

Trajetórias Trans Acadêmicas

Uma das atividades propostas pelo ODH em parceria com a Casa Verônica foi uma mesa com a temática “Trajetórias Trans Acadêmicas”. Quatro palestrantes foram convidadas para relatar as suas experiências como mulheres transexuais no ensino superior e os desafios enfrentados para permanecer na academia. De acordo com dados da Andifes de 2019 apenas 0,2% dos graduandos das universidades federais do Brasil são transexuais.

O evento começou com a apresentação da performance “Dores” que retratou a pressão e a luta dessa comunidade nos dias atuais. Em seguida a mesa foi composta por Ali Machado, travesti e professora da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Lauri Miranda da Silva, doutoranda em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rafa Ella Matoso, aluna de Ciências Políticas da UNIPAMPA e Raphaela Brum, aluna de Geografia da UFSM.

Lauri foi a primeira pessoa transexual a ingressar no Programa de Pós-Graduação da UFRGS e em sua fala questionou sobre a falta de representatividade e de corpos trans nas instituições. Para ela é necessário mais apoio, políticas públicas e ações afirmativas não só para o ingresso dessas pessoas na universidade, mas também para garantir a sua permanência.

– Não considero um privilégio estar fazendo doutorado, pois para a sociedade pessoas como eu não deveriam chegar até aqui. Hoje eu tenho amigas trans na universidade, antes não existia isso, mas ainda assim são poucas. Onde estão as outras? Na esquina, porque é lá que o sistema quer que elas fiquem – afirma Lauri.

Rafa Ella comentou que a sua trajetória acadêmica foi marcada por violências institucionais e para ela é preciso que as universidades aprendam a fazer uma gestão da diversidade. A coordenadora da Casa Verônica, Bruna Loureiro Denkin, explica que foi justamente por isso que a instituição resolveu trazer essa temática para o Fórum.

– Resolvemos fazer essa mesa para pensar um pouco sobre o lugar das pessoas trans dentro da academia, para ter esse lugar de fala e promover uma visibilidade. É importante falarmos disso para tentarmos vislumbrar um novo panorama de possibilidades e entender que a universidade é um lugar de diversidade e de transformação social – disse Bruna.

Outras ações

Além da mesa, o Fórum realizou uma série de atividades desde o início da JAI. No primeiro dia de evento foi realizado um curso de capacitação em direitos humanos para vigilantes da UFSM, no qual foram abordadas questões de gênero e questões étnico-raciais.

– Isso partiu de uma demanda dos estudantes e de um compromisso que a reitoria fez para a gente conseguir priorizar um pouco mais essas questões de cidadania e direitos humanos com essas pessoas que estão prestando serviços aqui na nossa instituição. A gente tem que pensar na humanização desse serviço que não é apenas uma vigilância, mas eles também estão abrindo as portas da universidade – explica Victor.

O Fórum também trouxe uma mesa sobre o convênio da UFSM com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) para abordar as ações de extensão da universidade nas instituições penais do Estado. Durante o evento o ODH também apresentou os serviços de saúde para pessoas LGBTQIA + disponíveis em Santa Maria e exibiu curtas e documentários sobre Direitos Humanos Negros e Indígenas.

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