Solidário notícias CINE AFRODITE: 49 – O pastor de Madureira ... - Solidário notícias

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Por: Jorge Eduardo Magalhães

Naquela mesma semana, peguei o trem na Central do Brasil em direção à Madureira onde ficava a Assembleia de Cristo, sob a liderança do pastor Arlindo.

A minha falta de intimidade com o subúrbio fez com que tomasse o trem no Ramal Santa Cruz, descendo na Estação de Madureira e não Mercadão, que era mais próxima da igreja e fazia parte do Ramal Belford Roxo. Tive que andar um pouco mais por aquele bairro tão tumultuado. Atravessei a passarela próxima à escola de samba Império Serrano, que parecia um formigueiro de tanta gente indo e vindo, e atravessei.

A Assembleia de Cristo ficava na Avenida Ministro Edgard Romero, em frente ao Mercadão de Madureira. O culto já estava começando, e logo, ao entrar na igreja, fui abordado por algumas obreiras, perguntando se era a primeira vez que ia lá. Fiz que sim com a cabeça. Fiquei incomodado com o sorriso forçado daquelas mulheres que não desmanchava. Deviam ficar com a boca doendo.

Sentei-me ao canto para não ser incomodado. O culto começou. O pastor Arlindo subiu no púlpito. Iniciou-se uma cantoria. os presentes cantavam, de forma frenética, como se estivessem em transe. Tinham os olhos cerrados e os lábios trêmulos em uma emoção ou histeria coletiva.

Finalmente cessou a cantoria e o pastor Arlindo começou a pregar.

– Meus irmãos! Estou aqui para lhes trazer a palavra do Senhor, resgatando almas perdidas, reaproximando-as de Jesus. Também vivi uma vida mundana. Existem enviados de Deus, em forma de pecadores. Ainda na infância, um feiticeiro abusou de mim e disse que minha entidade era feminina, por isso teria que viver feito mulher pelo resto de minha vida. Portanto, desde muito cedo, vestia-me com trajes femininos e me comportava como uma mulher. Relacionava-me com homens, mas quando via um casal hétero, achava bonito, queria uma família daquela para mim, mas achava que seria impossível. Caí na prostituição. Foi em uma noite que eu achava que seria apenas mais uma das muitas outras angustiantes, parou um casal pervertido, com o carro, perguntando quanto eu cobrava para os atender. Elevei o preço e eles disseram que pagariam. Fomos a um motel da região da Lapa, na Rua Morais e Vale. O marido queria que eu tivesse relações com a esposa dele, hesitei, mas o dinheiro era alto. Quando comecei, senti um imenso prazer. Nunca havia estado com uma mulher antes. Foi algo intenso. O marido também me queria, mas não consegui ir até o final. Ele percebeu e não se incomodou. Pagaram mais do que o combinado e foram embora, nunca mais os vi. Depois disso, não consegui mais me relacionar com homens e me senti mal em usar vestes femininas. Aos poucos, fui me masculinizando e larguei a prostituição. Só depois de algum tempo foi que percebi que aqueles dois, na verdade, eram enviados de Deus para me salvar da perdição e me colocar do caminho da salvação. Aceitei Jesus, casei-me tive filhos, e hoje sou pastor da Assembleia de Cristo, resgatando ovelhas desgarradas como eu fui um dia.

Confesso que tive vontade de rir, mas me segurei. O pastor continuou.

– Hoje sou um homem salvo das tentações do demônio, mas um dia fui perdido, fui isso que estão vendo.

Uma imagem em um telão de uma travesti foi exibida. Não acreditava no que via. O pastor Arlindo era a Arlete que entrevistei na coluna “A boneca do Patrulha”.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

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