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Por: Jorge Eduardo Magalhães
A travesti Riva Glitter apresentava com maestria as exibições nos palcos do Cine Afrodite, podendo ser shows de transformistas ou peças com cenas de sexo explícito, as quais, às vezes participava de algumas, principalmente ao lado de Tito Partelli. Fazia também apresentações que denominava de “performance solo”, que era um verdadeiro festival de bizarrices, como por exemplo, entrar em cena fantasiada de vaca e pendurar os seios com pregadores em um varal cenográfico ou até mesmo mastigar um pinto vivo, exibindo os dentes repletos de carne e sangue do pobre ser. Chegou até mesmo a defecar no palco.
Cheguei a escrever uma matéria sobre seus shows intitulada “Rainha da contracultura carioca e do universo underground”. Soube que Riva Glitter recortou a reportagem e colocou em uma moldura com vidro na parede do seu quarto, decorado com cama redonda e lençóis de oncinha.
Além de apresentadora, chefe de cerimonial ou qualquer outra denominação que queiram dar para quem anunciava a programação com um microfone no palco do Cine Afrodite, e atriz pornô nas horas vagas, em algumas produções da Páris Filmes, Riva Glitter também se dedicava ao lenocínio.
Na época em que a Vila Mimosa ainda ficava no Estácio, Riva Glitter tinha duas casas no local; aliás, a mais bem frequentada, devido à quantidade de mulheres bonitas e os preços acessíveis. A cafetina era muito conhecida pelo rigor na seleção de suas “funcionárias”.
A antiga Vila Mimosa era bem diferente da atual, na Praça da Bandeira. De fato, era uma vila de casas, último vestígio da antiga Zona do Mangue, que ocupava toda a Cidade Nova. Ao sair da Estação do metrô do Estácio, já dava para escutar a música e o cheiro de churrasquinho. Era, literalmente, uma antiga vila de casas, onde as mulheres ficavam nas portas seminuas chamando os possíveis clientes. Ao final, havia um grande muro escrito “É proibido mijar neste local”.
Era comum ver Riva Glitter, muito gorda, fortemente maquiada, com suas sobrancelhas pintadas a lápis, sentada esparramada, à porta de suas casas na Vila Mimosa, observando atentamente o movimento de clientes e supervisionando suas “funcionárias”.
Segundo especulações, a exploração do lenocínio de Riva ia muito além das casas da Vila Mimosa. Havia rumores de que o transexual selecionava suas melhores meninas para agenciar nas produções cinematográficas da Páris Filmes, que eram exibidos no Cine Afrodite.
Essas meninas eram retiradas da Vila Mimosa e seguiam para um apartamento que tinha ali mesmo, no seu prédio, para encontros secretos com políticos, principalmente vereadores e deputados estaduais que, após as sessões nos Palácios Pedro Ernesto e Tiradentes, respectivamente, procuravam as meninas do apartamento de Riva, lá na Rua do Riachuelo, em encontros secretos e relaxantes.
Foi exatamente uma dessas meninas que foi trabalhar no apartamento de Riva e atuou em uma das produções, que era exibida no Cine Afrodite, o pivô da discórdia entre Riva e Tito, ao contracenar com o ator paulista em um dos filmes da Páris.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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