Relembrando: por onde andará Roberta Close? - Portal Viu

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Numa semana em que se comemorou com a Parada Gay, depois de dois anos ter sido comemorado on line, o Orgulho Gay, em Copacabana, RJ, muitas questões surgem para desafiar o debate sobre gays, lésbicas e principalmente transgenders. Assim como os Estados Unidos, o Brasil tem dimensão continental. 

Entretanto, a dimensão geográfica destes países não se equipara a uma dimensão política ampla, pois são nações incapazes e impotentes para dar a seus cidadãos liberdade para escolher sua própria sexualidade. Ainda! Os crimes de ódio continuam em ambos os países contra gays, lésbicas e, principalmente, transgenders

Ademais, a lei nega ao transgender, em alguns casos, a possibilidade de mudar seu nome na maioria dos países do mundo ocidental e oriental, entre outros onde é impensável tal prática, com pena de morte e outros não menos cruéis castigos e punições. 

Nos anos 1980 tivemos um sex symbol no Brasil, Luiz Roberto Gambine Moreira, Luiza Gambine e Roberta Close. Três em um! Pode um indivíduo responder por três nomes diferentes? 

Luiz Roberto Gambine Moreira nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 7 de dezembro de 1964, estando hoje com 57 anos. Seus pais notaram que havia algo diferente com seu sexo após seu nascimento, porém o médico lhes assegurou que aquilo não era motivo de preocupação. 

Luiz Roberto foi educado como menino e sempre repreendido quando se interessava por bonecas e roupas femininas. Ademais, tinha feições e postura femininas. Ainda adolescente foi convidado a sair da escola, pois, segundo a diretora, constituía mau exemplo para os outros alunos. O tempo parece não ter mudado muito essa questão aqui, mas Roberta Modelo mora na Suíça há 28 anos com o marido, o empresário Roland Granacher.

Para relembrar sua carreira, Roberta está gravando um documentário sobre sua vida. O projeto já começou a ser filmado e irá retratar sua trajetória pessoal e profissional. Vive bem e está em plena forma.

Nos anos 80, Roberta Close tornou-se um mito no Brasil. Foi capa de várias revistas, homenageada por Roberto Carlos e Erasmo Carlos com a música “Close” e até pela literatura de cordel em “Roberta Close: o fenômeno do século XX”.

Entretanto alcançou seu objetivo lá fora. Não era seu objetivo alcançar fama. “Eu precisava viver como mulher”, afirma ainda hoje. “Não como Roberta Close, um personagem que eu criei para brilhar”. (RITO, 1988, p. 192. Sua cirurgia de transgenitalização no Charing Cross Hospital, em Londres conseguiu o que para ela realmente faltava: “ser genitalmente mulher.” (RITO, 1998, p. 170).

Nem sempre, porém, foi acompanhada de glamour e sucesso. Aos 17 anos, quando atraiu a atenção da imprensa pela primeira vez nas festas gays durante o Carnaval. Tornou-se famosa imediatamente, pois não se parecia com um travesti, devido à ausência de traços masculinos em seu rosto e corpo. Logo depois alcançou sucesso nas passarelas internacionais ao desfilar para Guy Laroche e Jean-Paul Gautier. Em um jornal estrangeiro, podia-se ler a seguinte manchete: “A modelo mais famosa do mundo é, na verdade, um homem” (RITO, 1988, p.85). Ou mulher?

Em 16 de março de 2005, a justiça do Rio de Janeiro respondeu a essa pergunta: “Roberta Close é mulher”, em manchete do Jornal do Brasil. Ao nascer, ficou comprovado, Roberta Close, apresentava quase todas as características femininas que acabaram não sendo percebidas na época, em virtude dos poucos recursos da medicina. 

Por isso, de acordo com a magistrada que lhe concedeu o gênero de mulher, depois do “feminino operado”, com a mudança de sexo na cirurgia a que foi submetida em 1989. Três anos depois conseguiu autorização da justiça para tirar documentos com o novo nome, incluindo o passaporte. Porém, a mudança no sexo foi negada em 1997 pelo Supremo Tribunal Federal.

Luiza Gambine é uma intersexual, um hermafrodita: “Sempre fui uma menina. A minha história não é a de um homem que virou mulher como a mídia insiste em contar. Desde muito pequena eu me sentia uma menina, embora meus pais me vestissem e me penteassem como um homem. O problema é que eu cresci num tempo em que o Brasil vivia sob uma ditadura militar muito violenta e convivi com a repressão durante minha adolescência. Só nos anos 80, quando o processo de redemocratização começou a acontecer, é que passei a ser menos maltratada.”

Torna-se ainda mais imperativo não apenas contar histórias de transgenders, mas também ouvir suas vozes, levando em consideração suas opiniões e suas emoções. Este texto é uma homenagem à mulher que se construiu passo a passo e que mexeu com o imaginário sexual de toda uma geração no Brasil.

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