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O Ambulatório Identidade, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é um dos 14 finalistas do 7º Prêmio Espírito Público. A iniciativa, do instituto República.org, reconhece servidores e projetos de destaque no serviço público brasileiro e se tornou referência nacional no atendimento especializado a pessoas transgênero, travestis e não binárias. A votação popular para escolher o vencedor geral já começou: para votar, basta acessar o site https://votacao.premioespiritopublico.org.br/.
Inaugurado em 2022, o Ambulatório Identidade oferece mais de dez especialidades médicas e atende cerca de 500 pessoas. O serviço funciona na Policlínica Piquet Carneiro, no Maracanã, e também no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, ambos vinculados à Uerj.
Para a assistente social Márcia Brasil, coordenadora técnica do serviço e servidora pública há 25 anos, o reconhecimento é simbólico de uma luta por equidade dentro do próprio SUS:
— O sofrimento de uma mulher com câncer de mama mobiliza. No entanto, a dor daqueles homens trans que querem tirar as mamas, não. O ambulatório é uma vitória para essa parte da população, mas também para a sociedade.
A Uerj oferece atendimento a pessoas trans desde 2003, quando o Pedro Ernesto passou a realizar cirurgias de redesignação sexual — foi uma das primeiras instituições públicas do país a oferecer esse tipo de serviço. Em 2008, a universidade foi oficialmente habilitada para atuar nas modalidades clínica e cirúrgica.
Desde então, os profissionais da equipe relatam avanços, mas também desafios persistentes, como a transfobia institucional, que dificulta a criação de novos serviços especializados. No Estado do Rio, que tem 92 municípios, apenas três contam com unidades voltadas ao atendimento da população trans.
— Várias cidades não querem instalar os serviços por questões ideológicas. Administradores conservadores não querem ter seus nomes vinculados a questões de ideologia de gênero — disse Márcia.
Para garantir continuidade e autonomia, a gestão do Identidade é compartilhada por um colegiado formado por representantes de diferentes setores. O grupo atua também na articulação com a Defensoria Pública, Secretaria de Saúde e entidades de direitos humanos, para ampliar o modelo para outros municípios.