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Escrito en DEBATES el 31/12/2022 · 13:56 hs
Trabalhei para o Papa Bento em 2007, fui funcionário da rádio Vaticano, em Roma. A homossexualidade do pontífice era assunto proibido, mas estava sempre em pauta nos corredores.
Principalmente quando Bento XVI fazia discursos homofóbicos, ele chegou a dizer que o “casamento gay” era obra do anticristo. De fato ele nunca casou com outro homem, o que não quer dizer que não tenha se apaixonado.
Seu secretário particular, padre Georg era apontado como o possível namorado. No livro ‘The Pope Is Not Gay’, Angelo Quatrocchi afirma que havia uma relação de amor entre Georg e Ratzinger. O autor narra o encontro entre os dois, dez anos antes do alemão virar Papa: Nós podemos ao menos imaginar como uma alma pura se inflama quando conhece sua alma gêmea, quando um quase septuagenário membro da Congregação Pela Doutrina da Fé encontra um padre de 40 anos, brilhante, da sua Bavária natal.
Quando ele deixou o papado levou consigo Georg para seu retiro em Castel Gandolfo, em Roma. Georg passava o dia na sua função cuidando da residência do novo pontífice, Francisco, e a noite ia ao encontro de Bento. Não seriam os dois primeiros padres gays, no Vaticano conheci vários, no Brasil nem se fala. Certa vez, o jornal italiano La Repubblica, mencionou documentos sobre um poderoso lobby homossexual no Vaticano, que seria uma das razões de Ratzinger deixar o papado. Numa instituição homofóbica, com um papa que associou a homossexualidade à doença e à loucura, o assunto acabou tomando uma dimensão fora do controle.
No lugar de Bento entrou Francisco, que muitos LGBTs acham que aprova os gays, “você não ouviu, ele disse que a igreja acolhe os gays”. Não caia nessa mentira. A igreja aceita o gay, o trans, a travesti e a lésbica, desde que eles não queiram ser gay, trans, travesti e lésbica, se forem jamais serão autorizados a frequentar os dogmas da igreja, nunca poderão casar, serão obrigados a viver seus romances escondidos, igual aos inúmeros padres e freiras hipócritas que permanecem na igreja, pregam o celibato e se libertam entre quatro paredes.
Lamento a morte do Papa Bento, ao padre Georg meus sentimentos.
*Juliano Dip é jornalista