Movimentos de Araraquara sonham com respeito e reconstrução em 2023 - ACidade ON - Araraquara, Campinas, Ribeirão Preto e São Carlos

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Pautas sociais, de combate às discriminações e de inclusão se renovam com a chegada de um novo ano

01 de Janeiro 2023 · 15:07 hs

Lideranças dos movimentos sociais de Araraquara projetam 2023 (Fotos: Arquivo Pessoal e Amanda Rocha)

Se um novo dia, uma nova semana, um novo mês podem significar um novo recomeço, uma oportunidade de fazer algo diferente, o que dirá o início de um novo ano? Com a chegada de 2023, alguns desejos surgem, outros se renovam e alguns simplesmente perdem a importância ou o significado que tiveram um dia.


Mas, algumas lutas permanecem as mesmas, ou melhor, ganham ainda mais força e importância. O caminho ainda em reconstrução vai se pavimentando dia após dia e se tornando menos tortuoso para quem ainda vem chegando – pelo menos, é o que se espera.

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O educador social e ativista, Flávio Rodrigues, o Preto, é idealizar de projetos sociais, como o das hortas sustentáveis nos quintais das residências da zona norte de Araraquara. Para ele, este é o sentido do próximo ano: manter o caminho pavimentado em uma luta pelo fim da desigualdade.


“2023 é o ano que vai ser preciso duas fases. Primeiro: democratizar os acessos, fazer com que pessoas cheguem a alguns locais e espaços que são negados. E que a partir disso, a gente consiga consertar muitas coisas, se organizar melhor. Apesar do movimento social conseguir inúmeros avanços, ainda tem muito a avançar: aprender a se cuidar melhor, ser uma sociedade menos alienada, egocêntrica e que a gente consiga cuidar do outro mesmo quando a gente não sente na pele”, disse.

Flávio Rodrigues, o Preto, é idealizador de projetos das hortas sustentáveis de Araraquara

 
A luta pelo fim da desigualdade social passa por outra muito parecida e que está totalmente relacionada: combater o racismo e todas as formas de discriminação que tolhem direitos, a dignidade e, consequentemente, deixa as pessoas à margem da sociedade.


Para Alessandra de Cássia Laurindo, coordenadora executiva de Políticas Étnico-Raciais e do Centro de Referência Afro ‘Mestre Jorge’, o desejo é por um 2022 no qual pessoas pretas tenham paz e respeito. 


“Que nossas dores, danos e as sequelas causadas pelo racismo não sejam julgadas como ‘mimimi’ e que não mais precisemos apontar as estatísticas racistas. Sonho com o dia em que a desigualdade racial será apenas uma palavra a ser consultada nos sites de busca, pois na prática não existirá; que a invisibilidade dos negros será apenas tema de teses de algo que aconteceu em séculos passados. Sonho ainda com que as oportunidades não escolherão a cor da pele e que os espaços privilegiados serão para todas as pessoas... e se for só um sonho, por favor, não me acordem”, pediu. 

Alessandra de Cássia Laurindo, coordenadora de Igualdade Etnico-Racial de Araraquara

 
A comunidade LGBTQIAP+ também sente na pele o horror do preconceito e da discriminação. Além da luta pela existência, conquistar e ocupar espaços negados é um dos desafios, que, em 2023, serão mais uma vez renovados.


A travesti e ativista Vita Pereira é fundadora e diretora da Travada Espaço Cultural de Aquilombamento Social – espaço que recebe a comunidade LGBTQIA+, negra e periférica de Araraquara. Para ela, o ano ideal será aquele em que a sociedade for sensibilizada e valorizar todas as comunidades.


“O meu maior desejo para 2023 é que os nossos projetos que abarcam a comunidade LGBTQIA+, a comunidade negra, as comunidades periféricas, e tantas outras populações e comunidades que pertencem à margem da cidade, sejam considerados, respeitados e valorizados na nossa cidade e no entorno da nossa cidade; que esses projetos, que têm sonhos tão importantes, consigam transformar o nosso redor, o nosso mundo, com apoio financeiro, de diferentes instituições, privadas ou públicas, para que a gente consiga ampliar nossas estratégias, sonhos lugares e territórios”, opinou.

Vita Pereira é fundadora e diretora da Travada Espaço Cultural de Aquilombamento Social


Desde que teve a perna esquerda amputada, em abril de 2021, a Karol Toledo, de 39 anos, passou a enfrentar os desafios de uma pessoa com deficiência. Hoje, ela compartilha nas redes sociais o seu dia a dia e informações que ajudam a esclarecer a sua luta por direitos.


Além da acessibilidade, que lhe assegura o direito de ir e vir, o respeito é fundamental para a construção de uma sociedade mais inclusiva. 


“Eu desejo, em primeiro lugar, que os motoristas nos respeitem, que quando vir uma pessoa com deficiência, parem. A gente não corre e às vezes não consegue encontrar um semáforo com uma faixa de pedestre para atravessar. Então, parem. E quando vir a gente atravessando, não jogue o carro em cima para que a gente ande de pressa porque a gente não anda de pressa. Você não sabe o dia de amanhã. E ao motorista de aplicativo que, quando vir uma pessoa cadeirante, não cancele a corrida ou faça uma pergunta extremamente chata e ridícula: a cadeira vai junto? Não a gente vai voando”, comentou.


“Desejo que as pessoas que trabalham em estabelecimentos comerciais sejam mais solicitas e que as pessoas que são donas nos tratem como iguais porque queremos nos sentir representados, incluídos, a gente quer comprar, mas, muitas vezes, não saímos porque somos maltratados”, completou.

Karol Toledo usa suas redes sociais para compartilhar informações e sua luta por mais direitos


Mesmo sendo maioria da população brasileira, mães, irmãs, filhas e esposas, as mulheres ainda precisam falar alto para serem ouvidas, lutar para ter os mesmos direitos que os homens e serem reconhecidas por seus méritos e talentos.

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