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A ong Cidadão Oddly, com sede em Cuiabá, tem auxiliado a comunidade trans, travesti e não binária a se inserir no mercado de trabalho. A ideia é ampliar a inclusão e proporcionar mais chances de emprego.
Foi aí que percebemos a importância de criar algo com a visão delas
Criada há cerca de um ano por Vinicius Marquetti e Victor Hugo Rocha, a Ong é uma extensão da produtora cultural Oddly Prod.
Victor explica que a iniciativa nasceu da constatação de que essas pessoas estavam presentes em eventos realizados pela produtora, mas não atuavam no mercado.
"Não encontrávamos pessoas trans e travestis para somar com a gente enquanto produtoras. Elas estavam presentes como clientes, mas não como parte da equipe. Foi aí que percebemos a importância de criar algo com a visão delas”, relata Victor Hugo.
A associação oferece atualmente cinco cursos principais: fotografia, DJ, social media, bartender e produção cultural. Essas áreas foram escolhidas estrategicamente por serem essenciais para produtoras culturais, facilitando a absorção dos participantes no mercado de trabalho.
"Precisamos de pessoas capacitadas nessas áreas. Noventa e três por cento da comunidade trans tem a prostituição como fonte de renda. Então, desenvolvemos cursos específicos e, ao final, conseguimos contratar e direcionar esses profissionais para o mercado," explica Victor.
A Cidadão Oddly mantém parcerias com diversas produtoras e organizações, como a Vambora, uma Ong que realiza grandes eventos em Cuiabá.
"Temos um mailing com 15 beneficiárias prontas para trabalhar. Fazemos a conexão entre a demanda dessas produtoras e a nossa mão de obra capacitada", detalha Victor. Parte do cachê recebido pelas beneficiárias retorna para a Ong, fortalecendo a rede e permitindo novos cursos.
Os desafios enfrentados pela comunidade no mercado de trabalho são muitos, mas a Ong trabalha para minimizá-los. "A falta de oportunidades e de capacitação é o principal problema. Muitas pessoas trans não concluem nem o ensino fundamental", diz Victor.
Ele também lamentou o preconceito ainda presente na sociedade, especialmente em Mato Grosso. "Está enraizado. As pessoas não estão prontas para lidar com o corpo trans". Para selecionar os participantes, a Ong faz um chamamento público e oferece suporte, incluindo transporte e alimentação para garantir a presença nos cursos.
Victor Ostetti/MidiaNews
Victor Hugo Rocha, um dos fundadores da Ong
A Cidadão Oddly planeja expandir seus serviços e alcançar toda a comunidade LGBTQIA+. "Começamos com as pessoas trans por serem as mais vulneráveis, mas nossa ideia é crescer. Queremos adicionar cursos em áreas como inteligência artificial, que permite trabalhar de casa, reduzindo a exposição ao preconceito".
A primeira turma piloto, em parceria com o Sebrae, começou neste mês, com formatura prevista para outubro. "Nosso evento de formatura será organizado pelas próprias beneficiárias, como um TCC. Após essa fase, buscaremos mais apoio e recursos para continuar nosso trabalho".
Aulas
A Ong adota uma metodologia detalhada antes das aulas práticas. "Não há uma avaliação tradicional, mas os participantes passam por cursos obrigatórios que abordam aspectos como vestimenta no mercado de trabalho e comunicação não violenta", explica o criador.
Ele acrescenta que esses cursos preparatórios são essenciais devido às experiências desafiadoras que muitos da comunidade trans enfrentam. "Eles frequentemente criam uma 'armadura' devido ao preconceito. Então temos muito cuidado com essas etapas iniciais".
"Nosso projeto tem impacto real. Ele muda a realidade das pessoas e a economia criativa, além de fortalecer a inclusão e a militância. Estamos apenas começando, mas já vemos um futuro próspero", conclui.
Para mais informações sobre como apoiar a Cidadão Oddly ou participar dos cursos, acesse o Instragram oficial AQUI . Para acessar a produtora Oddly Prod clique AQUI.