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São Paulo — A realização de uma palestra sobre transexualidade para alunos da principal escola de ensino médio de São Caetano do Sul, no ABC paulista, virou motivo para embate entre pais e vereadores durante sessão plenária da Câmara dos Vereadores da cidade nessa terça-feira (29/10).
Na sexta-feira anterior, no dia 25, o vereador eleito Getúlio Filho (União Brasil) se infiltrou na Escola Professora Alcina Dantas Feijão fingindo ser pai de um aluno para interromper o evento do SerTrans, ambulatório especializado em cuidado integral à população LGBTQIAPN+ da cidade.
A palestra abordava temas de diversidade e esclarecia termos relacionados à população transexual para os estudantes, o que foi duramente criticado pelo político nas redes sociais.
A ação de Getúlio dividiu opiniões entre vereadores e pais. Durante a sessão na Câmara, manifestantes pró-palestra, incluindo a vereadora Bruna Biondi (PSol), seguravam bandeiras do orgulho LGBT e cartazes com frases como “Em defesa do Ser Trans” e “LGBTfobia é Crime”.
Bruna defendeu a palestra e ressaltou, ao Metrópoles, a revolta de que “um homem que, embora eleito, ainda não é vereador, invadiu a escola se passando por quem ele não é, comprometendo a segurança dos alunos e violando a autonomia escolar.”
Por outro lado, manifestantes contrários ao evento exibiam cartazes com frases como “Respeito sem doutrinação” e “-Boyceta + Português”. Eles foram representados pelo vereador Betio Vidoski (PRD). Sobre a presença do político na escola, ele defendeu que “a questão de segurança na escola deve ser apurada, e se houve erro, precisa ser investigado antes de qualquer palestra semelhante ser realizada em outras escolas municipais.”
A sessão também foi marcada por trocas de ofensas e tumulto, com os candidatos não eleitos, Professor Rafinha (Psol) e Pedro Umbelino (União), quase entrando em confronto físico. O episódio gerou grande repercussão nas redes sociais, com imagens e comentários de ambos os lados.
Em nota sobre o ocorrido, a Prefeitura de Santo André, a Secretaria de Educação e a Secretaria de Saúde disse que irá manter as parcerias desse tipo para palestras e ações nas escolas.
No caso mencionado, a Prefeitura informou que a palestra, que não foi obrigatória, levou dados e informações, por meio da coordenadora do SerTrans, sobre saúde sexual e diversidade, inclusive ajudando a combater a desinformação proveniente das redes sociais. A palestra, “em nenhum momento, estimulou posicionamentos aos estudantes.”