Especial Mês da Mulher: Personagens femininos que enfrentaram o preconceito para garantir direitos a outras mulheres - Agencia AIDS

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A Agência de Notícias da Aids tem homenageado no mês de março,  mulheres que lutam incansavelmente contra a aids, a favor do SUS e dos direitos humanos. Nesta reportagem, veja as histórias de mulheres que venceram o preconceito e as desigualdades de gênero para continuar lutando afim de que mais mulheres possam ter autonomia e acesso à saúde.

Confira a trajetória de Carolina Iara, Rafaela Queiroz e Maria Luisa Eluf.

Revolução na política 

Carolina Iara, paulistana de 28 anos de idade, ocupa um cargo público. Ela é uma das cinco pessoas que compõe a Bancada Feminista do PSOL, grupo formado por cinco mulheres que foram eleitas em 2020 num mandato coletivo, na Câmara de Vereadores de São Paulo.

Carolina nasceu uma criança intersexo, com aspectos biológicos dos dois sexos, formando assim um sexo biológico fora do que é entendido na sociedade por mulher e por homem. Ela conta que sua infância foi marcada pela mutilação genital, “com duas cirurgias genitais para esconder minha genitália atípica, que foram feitas sem uma orientação médica adequada para a minha família.”

Em 2014, ela descobriu que vive com HIV. “Foi um choque! Fiquei com medo de morrer em poucos dias. Mas logo após sair do hospital, procurei ONGs que atuam com pessoas vivendo com HIV/aids e encontrei o Grupo de Incentivo a Vida, o GIV, onde fui acolhida e apresentada ao Movimento de Aids.”

“O que me motiva a continuar lutando é saber que faço tudo isso não somente por mim, mas também pelas pessoas que virão num futuro próximo. Meu sonho é que pessoas intersexo não passem pelo mesmo que eu passei. Que nenhuma travesti seja obrigada a ir pro armário, se esconder, para conseguir ter emprego ou dignidade. Que nenhuma mulher negra, como minha mãe, tenha que ser enganada ou pressionada para fazer cirurgia no seu bebê intersexo. Enfim, o que me motiva é a luta para que as pessoas que vivem à margem da sociedade, incluindo a classe trabalhadora, sofram cada vez menos. O que me fortalece é o afeto que recebo de minha família, do meu namorado, da minha rede de afetos e proteção, além das minhas companheiras de luta ativista e partidária. E sim, nós vamos continuar lutando todos os dias.”

HIV desde a infância 

Rafaela Queiroz, não sabe o que é viver sem HIV. Descobriu sua sorologia aos quase 2 anos de idade. Rafuska, como é conhecida perdeu o pai e a mãe em consequência do vírus.

Foi adotada pelos tios que tomara a frente de seu tratamento até que pudesse se cuidar com autonomia. Dentre os principais desafios, até o ano de 1996, não havia medicação adaptada pra criança.

No entanto, os comprimidos são companheiros dela desde os 5 anos de idade, assim como o tratamento psicológico que foi feito até os 14. “As psicólogas contavam histórias dizendo porquê estávamos por lá… porque tinham ‘bichinhos e os remédios eram soldadinhos para combater eles’.” Aos 8 anos de idade, esse bichinho ganhou o nome de HIV.

Foi em 2006 o primeiro Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids. Lá, Rafuska se despertou para a militância. “Era um universo novo, eu anotava tudo e procurava saber o que tudo significava.” Em 2009, ela criou, com ajuda de outros jovens, a Rede Jovem Rio +, que funciona desde então e já tem mais de 700 membros. Ainda assim, apenas as pessoas que participavam do movimento, sabiam a sorologia dela.

Ela abriu sua sorologia nas redes sociais em 2016, e acredita que não há necessidade de chegar e dizer, “oi meu nome é Rafaela, vivo com HIV. Tem os momentos e pessoas apropriadas pra isso, ou quando alguém fala alguma besteira, claro. Aí  a gente mete a carteirada”, diz sorrindo. Hoje, ela também faz parte do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas.

“Hoje, tudo isso é tão natural que não surge mais como questionamento. Nunca me senti inferiorizada, meus pais sempre lidaram muito bem, eu e minha irmã fomos tratadas de maneira igual”. E é em busca de igualdade que Rafaela luta contra o HIV e contra o preconceito, com a força que lhe é típica, desde os 2 anos de idade.

Contribuição no feminismo e saúde da mulher

Maria Luisa Eluf, fundou a Semina em 1986. Hoje, com 74 anos, ela sempre foi considerada uma mulher à frente de seu tempo. Feminista e sensível às diversas questões relacionadas aos Direitos Humanos, à Saúde e à qualidade de vida das pessoas, ela fundou uma empresa voltada à produção e comercialização de métodos contraceptivos, insumos e materiais educativos voltados à Saúde Reprodutiva, dentro de uma perspectiva de promoção da ética e da cidadania. Seu diferencial foi tão inovador que a Semina foi o primeiro laboratório brasileiro a produzir o diafragma de silicone (método contraceptivo de barreira) trazendo inúmeros benefícios às mulheres de nosso país.

Possui graduação em Ciências Políticas e Sociais pela Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo SP (1964) e doutorado em Ciências pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1977).

A Semina hoje é considerada uma empresa cidadã, que desenvolve meios para facilitar a compreensão e a consciência sobre os diversos aspectos da reprodução, contracepção e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, com produtos de alta qualidade.

Dica de entrevista

Carolina Iara

Instagram: @acarolinaiara

Rafaela Queiroz

E-mail: rafaelaqueiroz1491@gmail.com

Semina

Telefone: (11) 5014-7800

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