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Todos os dias, Erika Hilton segue um ritual de bem-estar. Acorda, se informa sobre as principais notícias e começa sua rotina de skincare. Para ela, o importante é que tudo isso aconteça ao som de uma boa música. Frequentemente, os hits de Beyoncé. Além de dedicar seus esforços à política, a deputada federal (PSOL-SP) é apaixonada por beleza e carrega o sonho de ser it girl desde a adolescência. Hoje, não é exagero dizer que já conseguiu chegar nesse lugar. Nesta entrevista, Erika fala de beleza com consciência, inclusive quando nos conta sobre sua rinoplastia.
MARIE CLAIRE: Que espaço a beleza ocupa na sua vida atualmente?
ERIKA HILTON: Um espaço enorme, até porque entendo a beleza para além do raso e superficial. A beleza está atrelada ao empoderamento, pertencimento, e muitos grupos sociais foram privados disso. Esse universo foi desenhado por coletivos hegemônicos, e o restante nunca pôde desfrutar desse papel. Sou uma mulher negra, vinda da periferia, travesti. A beleza não estava à minha disposição.
MC: Foi difícil exercer a vaidade durante a adolescência?
EH: Sou filha de uma mãe vaidosa. Ela sempre teve vários perfumes, cuidava do cabelo, se maquiava. E, na minha adolescência, eu carregava isso, mas com um pouco mais de dificuldade, exatamente por conta da conjuntura da minha vida. Hoje, o meu skincare precisa estar em dia e tenho que estar arrumada, mas sem cair em um lugar de autocobranças inalcançáveis.
MC: Em um mundo que fala muito para pessoas brancas, como foi o seu processo de autoaceitação?EH: Apesar de ter conseguido, com muita dificuldade, construir um referencial dentro daquilo que me era disponibilizado, era um conteúdo voltado para pessoas brancas. Mesmo que eu não seja uma mulher negra retinta, não são todos os tons que ficam bons na minha pele. Alisei o cabelo durante toda a vida e só na universidade comecei a entender o que era de fato negritude. Depois disso, parei de alisar e me aceitei. Mas isso não significa que eu tenha esquecido das referências que me moldaram na adolescência, ainda trago essa construção, só que nos meus moldes.
MC: Como a beleza pode ser política?
EH: Precisamos superar a cafonice, e isso é urgente. A política é feita por esses homens. E olha para a cara dessa gente... Eles não passam nem protetor solar. Como uma pessoa que não cuida de si mesma quer cuidar de um país, de um povo?
MC: Qual a sua relação com procedimentos estéticos?
EH: Não sou louca por procedimentos, não tenho harmonização, mas faço laser para colágeno e firmeza da pele. Também aplico um pouco de Botox na testa e na área dos olhos. Por ora, é só o que eu faço. Não acho que temos que ficar consumindo o mercado de procedimentos estéticos como uma obrigatoriedade. Se não está bom, melhora. Fiz uma cirurgia de sinusite, que era algo funcional, e aproveitei para fazer uma rinoplastia, já que o meu nariz era algo que me incomodava bastante. Mas consumir apenas por consumir é uma questão dos tempos atuais.
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MC: Sobre a rinoplastia por motivo de saúde: consegue nos falar mais sobre?
EH: Eu passei por um quadro de sinusite crônica de repetição e, por isso, tive crises fortes em um tempo curtíssimo. Normalmente, de dois em dois meses. Ano passado, fiquei vivendo à base de antibióticos e corticoides: uma combinação que ultrapassou os limites, o que fez a bactéria criar resistência. Já não tinha mais antibióticos. Foi bem grave. A rinopplastia casou como um plus para a minha questão de saúde. Não posso dizer aqui que a rinoplastia em si foi por saúde, mas aproveitei para arrumar algo que me incomodava.
MC: Gostou do resultado?
EH: Amei o resultado da rinoplastia e todo mundo que vê elogia. Nos primeiros dias, recebi críticas, as pessoas não sabem esperar e acreditavam que aquele nariz inchado, no meio da testa, era o resultado final. Mas agora me sinto ainda mais bonita. Sucesso total e absoluto. Que bom que eu fiz a rinoplastia.
MC: Vamos falar sobre outro assunto que você ama: cabelo. Como é a sua relação com o seu?
EH: Alisei o cabelo grande parte da minha vida e parei na universidade. Depois, fiz o big chop [quando a pessoa corta a parte alisada do cabelo] e passei a usar tranças. Esse processo foi uma libertação. Chegou um momento também que usei megahair, mas não gostei, então vieram as laces. Esse universo das laces é a minha casa, é onde sou feliz e me encontro.