Dona de carrinho de tapioca viraliza ao anunciar vagas de trabalho voltadas a pessoas LGBTQIA+ no Litoral de SP - G1

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Pauleteh Araújo conta ao g1 que decidiu oferecer vagas somente para este público devido às dificuldades que a comunidade enfrenta no mercado de trabalho.

Dona de carrinho de tapioca viraliza ao anunciar vagas de trabalho voltadas a pessoas LGBTQIA+ no Litoral de SP — Foto: Arquivo pessoal

A persistência faz parte da trajetória de Pauleteh Araújo, dona de um carrinho de tapioca na Praia de Juquehy, em São Sebastião, no litoral paulista. Ela persistiu até conseguir ser dona do próprio negócio e essa mesma característica fez com que ela viralizasse em uma postagem no Twitter, na qual anunciou vagas temporárias de trabalho voltadas a pessoas LGBTQIA+.

Depois de fazer um post sobre as oportunidades de serviço e de não ter tido repercussão, ela refez a postagem e avisou que iria "tentar de novo porque o último flopou [fracassou]".

Com a nova tentativa, em 48 horas ela recebeu 21 mil curtidas na rede social e preencheu duas das três vagas temporárias para seis dias de trabalho no período correspondente ao carnaval.

"Fiz esse post no Twitter, postei a primeira vez, deu poucas curtidas. Aí postei de novo e viralizou. Apareceu muita gente mesmo interessada. Muitas trans, gays, enfim. Gostaria de poder contratar mais gente e não só para vagas temporárias, mas no momento ainda não dá", disse Pauleteh ao g1.

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O salário para o período é de R$ 1,2 mil e ela fornece alojamento e passagem se os selecionados forem de longe.

Entre as atividades que os trabalhadores vão exercer estão: oferecer o cardápio nos guarda-sóis próximos ao carrinho; ajudar a montar, desmontar e lavar o carrinho; ajudar na limpeza e organização da cozinha e dos potes que vão e chegam da praia.

Até a publicação da reportagem ela havia contratado um homem e uma mulher, ambos transexuais e indígenas.

Conhecida entre os frequentadores da praia pelo bom humor, ela é dona de um bordão acompanhado de uma coreografia que parece ter sido feita sob medida para as redes sociais (veja vídeo acima).

Pauleteh, que é travesti, conta que decidiu contratar exclusivamente pessoas que são LGBTQIA+ devido às dificuldades que os membros da comunidade enfrentam ao entrar no mercado de trabalho.

"Começou por mim mesma. Tinha uma dificuldade de encontrar trabalho. E até quando eu não me vestia com roupas femininas, existia uma cobrança de postura. Isso me doía muito", relembra ela, que cita uma passagem de discriminação:

"Trabalhava na cozinha e usava touca, mas fui demitida porque tinha pintado o cabelo de roxo. A Tapioca da Pauleteh trouxe essa liberdade de eu poder ser eu mesma. Por isso fiz questão de escolher pessoas com esse perfil LGBTQIA+ para essas vagas", conta ela, que sonha em ampliar o negócio e ter uma rede de franquias pelo Brasil.

Pauleteh em registros com clientes famosos, como a sexóloga Laura Muller e com a dupla Maria Cecília e Rodolfo — Foto: Arquivo pessoal

Apesar das dificuldades que ela já enfrentou, Pauleteh conta que a recepção do público ao combo de qualidade do produto aliado ao atendimento personalizado tem ajudado a conquistar uma clientela fiel.

"Não vou dizer que não existe [preconceito], mas o carinho e a aceitação, a forma com que eu sou tratada na praia, são muito bons. Me sinto muito à vontade mesmo. Muitos clientes vêm e contam que já me viram na rede social e que fizeram questão de vir comer aqui", disse.