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Por Pedro Zambarda, editor-chefe.
Matheus Borba, dono da GoGo Games (que fez Monster Meals, que resenhamos aqui), estreitou relações com a GameJamPlus. Sua empresa agora é publisher do evento brasileiro desde 18 de setembro de 2025. A informação foi tornada pública pela GJ+ no dia 29 de setembro no Instagram.

Em reportagem no dia 22 de março, o Drops noticiou que Borba utilizou o jogo de uma criadora travesti para tecer críticas à organização da Gamescom Latam. Escreveu Borba: “Gostaria de expressar minha insatisfação a falta de profissionalismo no processo de seleção de jogos para eventos como Big Festival e Gamescom Latam”.
Matheus Borba falou do jogo lunr.rdio.taxi, da desenvolvedora travesti Talbone, da Soín, como um que não deveria ser contemplado pela Gamescom.
Na época, Talbone escreveu no LinkedIn sobre o caso, criticando Borba.
Como o LinkedIn apaga recompartilhamentos de posts apagados, minha resposta ao post de um colega aqui na rede foi perdida. Porém, reconhecendo a importância dos pontos feitos na minha resposta, decidi por redigir novamente parte do meu texto, omitindo relações com o autor do post original.
“Pra explicar um pouquinho pra quem ainda não conhece, lunr.rdio.taxi é um jogo de ritmo e drift com uma pesadíssima carga cultural brasileira. Naves inspiradas em clássicos carros do nosso dia-a-dia (tem uma nave que é um paredão de som!) e temáticas reais e concretas na vida do jovem brasileiro.
Temos trabalhado com DJs e produtores musicais de todo o país para construir um line-up que não será apenas uma trilha sonora, mas também uma experiência documental e metafórica da vida urbana noturna brasileira nos tempos atuais. É música BRASILEIRA DE VERDADE, que as pessoas ouvem, curtem e dançam.
Além dessa carga pesadíssima que nosso projeto já tem, enquanto produto, temos também uma outra frente importante na nossa produção: somos um time quase 100% formado por pessoas trans, neurodivergentes, e principalmente, de origens humildes e nada privilegiadas. A seleção do nosso projeto significará muito na vida de cada membro do time.
Não é nenhuma novidade que a indústria de desenvolvimento de jogos nacional é refém, a muito tempo, de eventos nada transparentes em respeito à seleção de jogos expostos, bem como também de uma escassez enorme de atenção midiática voltada para projetos nacionais. Não acreditamos que é o nosso jogo que vai mudar isso, mas é um tanto quanto triste ver que nossa presença em eventos como a Gamescom Latam é vista por alguns não como motivo de comemoração, mas sim de post indignado no LinkedIn. Porém, seguimos.
Alguns devem ainda lembrar de uma famosa ‘carta aberta’ para o BIG Festival reinvindicando mais transparência e critérios mais claros de seleção, redigida e assinada coletivamente, anos atrás. (https://lnkd.in/dSxJqQwv)
Meu nome (morto) estava entre as assinaturas da carta.
Sucesso pra todos nós.”
O texto de Borba foi esse aqui.

Na época, publicamos que Matheus Borba era organizador da GameJamPlus. Borba apagou o texto. A GJ+ entrou em contato com o Drops afirmando que o dono da GoGoGames não faz parte da direção da GameJam Plus. A GJ+ também disse na época que apoia iniciativas de diversidade, custeadas por eles próprios.
Seis meses depois, a empresa de Borba virou publisher da GameJamPlus.
Amigo de Borba fez um ataque ao Drops
No dia 23 de março de 2023, um domingo de manhã, o desenvolvedor Guilherme De Cicco gravou um vídeo atacando o Drops sobre a reportagem com título “Desenvolvedor usa jogo de travesti para atacar a Gamescom Latam e é criticado“. O Drops de Jogos manteve as informações publicadas.
E eu, o autor, fiz esclarecimentos na época ao Guilherme.
1 – Sim, eu, o editor-chefe do veículo, sou declaradamente de esquerda e isso não é problema algum na imprensa.
2 – Matheus Borba foi ouvido durante toda a reportagem e seu posicionamento está lá.
3 – Jornalismo serve para publicar aquilo que é de interesse público, muitas vezes incomodando os poderosos. Sejam os poderosos literalmente ou o padrão cis masculino da cena brasileira de jogos.
4 – Eu não recebi nenhuma grana de edital. Se recebesse dinheiro público, não teria nada errado e eu prestaria contas para a sociedade em nome da transparência (posteriormente, o site foi vencedor de um edital público e as informações constam aqui).
Eis o vídeo do Guilherme:
Guilherme De Cicco soltou uma nota de desculpas no LinkedIn:

Outro lado
Tanto GameJamPlus quanto Matheus Borba tem o contato do Drops e podem manifestar os seus pontos de vista nesta reportagem, que serão publicados na íntegra e sem edições.
No entanto, mantemos as informações aqui publicadas, pensando que talvez fosse importante que as organizações valorizassem empresas e publishers que não tiveram esse tipo de comportamento com a diversidade na cena brasileira de jogos.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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