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Da Redação

Uma das figuras mais populares de Curitiba, o travesti Gilda será homenageado no próximo sábado (2), na Boca Maldita, durante um uma performance artístico-carnavalesca. O cortejo terá seu momento mais importante ao final, com a instalação de uma placa de bronze em homenagem à Gilda no centro da Boca Maldita, por onde ela circulava diariamente chamando a atenção de todos com seu jeito desbocado e tresloucado nas décadas de 1970 e 1980. Gilda era apaixonada por Carnaval, época em que parecia ser mais feliz, apesar da vida errante que levava.
A ideia da performance-homenagem é do artista Guilherme Jaccon e foi premiada na categoria de intervenções urbanas no 67º Salão Paranaense de Arte Contemporânea, inédita até então, realizado em dezembro de 2021. Jaccon pesquisa a história de Gilda desde 2015, com foco na memória pública da cidade e nos registros que as instituições têm sobre a vida e o legado da travesti, ícone da comunidade LGBTQIA+ local.
Ele passou os últimos anos realizando um trabalho de pesquisa das publicações sobre Gilda em veículos de imprensa locais – material que recentemente vem sendo publicado no perfil do Instagram @arquivosgilda – e mapeou iniciativas de artistas e coletivos que buscaram, ao longo do tempo, reforçar uma memória quase antagônica à oficial por meio de cartazes, publicações, poemas, peças de teatro, entre outras produções que homenageavam a travesti da Boca Maldita.
Para Guilherme Jaccon, ações como essa são fundamentais para ressaltar que existe sempre uma história oficial e dominante e outras histórias marginais ou paralelas: uma história é sempre contada em detrimento de outras histórias omitidas. No caso de Gilda, apesar de sua importância para o movimento gay na cidade, para o Carnaval e para a resistência cultural, o espírito machista e provinciano de Curitiba na época foi responsável por um apagamento de sua memória. “A minha questão com Gilda é colocá-la na memória oficial da cidade e a questão do meu trabalho é ver até que ponto as instituições oficiais deixam a história (das pessoas e da cidade) tão homogênea”, afirma Jaccon.
Para a diretora do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC), Ana Rocha, a premiação desse trabalho no 67º Salão Paranaense de Arte Contemporânea é um marco do momento em que a instituição volta a ocupar as ruas, dialogando mais intimamente com o contexto da cidade. “Trata-se de uma obra de arte, e essa é justamente uma das potências da arte: intervir e interseccionar diversas áreas”, afirma Ana.
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O cortejo será composto por diversos blocos carnavalescos de Curitiba, como Saí Do Armário e Me Dei Bem, Bloco Malinski-se e artistas convidados. O grupo está trabalhando há algumas semanas no processo de musicar poemas sobre Gilda escritos em diferentes épocas, transformando-os em sambas enredo, marchinhas e gritos de Carnaval. O trajeto começará na Praça Zacarias e seguirá sentido Boca Maldita, onde será instalada a placa de bronze.
“A Gilda é o ícone LGBT da cidade; ela é a Boca Maldita, então ela tem que fazer parte da história da Boca Maldita”, reforça Guilherme Jaccon.
SERVIÇO:
“Gilda, você deixou saudades”
Performance e intervenção artística de Guilherme Jaccon
Quando: Sábado, 2 de abril, no Centro de Curitiba
Hora: 15h30 Concentração na Praça Zacarias
17h saída do cortejo para a Boca Maldita para a inauguração da placa de bronze em homenagem à Gilda.
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