ARTICLE AD BOX
Deborah falou com o Tempo Novo e disse Gilvan distrata mulheres, pratica violência de gênero política, intolerância religiosa e também ataca a comunidade LGBTQI+. Foto: Divulgação redes sociais
A ativista transexual da Serra, Deborah Sabará, foi vítima de transfobia na Câmara de Vereadores de Vitória. O episódio que não é o primeiro capítulo preconceituoso ocorrido na Casa de Leis da capital, se deu por conta de uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher no último dia 5, onde alguns parlamentares foram contra a moção da moradora da Serra, por entenderem que ela não é mulher.
O caso ganhou repercussão nas redes sociais por conta das falas principalmente do vereador Gilvan da Federal (PL) que não aceitou a homenagem a Deborah e disparou: “Deborah Sabará pode ser outra coisa, mas não é mulher. Ela consegue engravidar? Consegue amamentar? Eu repudio essa moção de aplauso aqui. Isso não é mulher. Deus fez homem e mulher, o resto é jacaré. O resto é invenção do mundo”.
Outros vereadores também foram contra a moção entre eles, o presidente da Câmara de Vitória, Davi Esmael (PSD) e os parlamentares Duda Brasil (União Brasil), André Brandino (PSC) e Armadinho Fontoura (Podemos).
A moradora de Nova Carapina 2 foi uma das 38 mulheres indicadas pela vereadora Camila Valadão (Psol) para serem homenageadas por seus trabalhos desenvolvidos em instituições e na sociedade.
Em conversa com o Tempo Novo, Deborah, disse que irá tomar todas as medidas cabíveis contra os vereadores que cometeram o crime.
“Pretendo buscar todos os direitos possíveis para que esses vereadores não fiquem mais impunes. Não foi só comigo. Ele fez transfobia comigo. Mas também já cometeu intolerância religiosa com uma mãe de santo, quanto ela esteve para receber uma homenagem e na outra semana ele lavou a câmara com detergente e com Veja. Isso chocou. Ele abusou. Ele age de forma violenta com as duas vereadoras que lá estão, manda calar a boca. Ele extrapolou todos os limites do respeito a pessoa”, disse Deborah.
A ativista disse ainda que não concordar com uma homenagem é um direito dele. “Buscar proibir que eu seja homenageada é outra. Utilizar principalmente destas falas violentíssimas, que não violenta somente eu, mas todas as pessoas trans. Mais do que isso, ele abre margem para que outras pessoas possam fazer igual a ele. Essa pessoa pode ser um pai, uma mãe, um primo, uma segurança de uma loja, na unidade de saúde, na família ou na escola. Se um vereador fala e não é punido, abre margem para que a população veja a impunidade e façam também”.
Deborah salientou que o Brasil é o país que mais se mata pessoas trans no mundo. “E temos visto esse tipo de cena na Câmara de Vitória, de São Paulo, Rio de Janeiro, entre outras. Intolerância contra as populações mais sofridas. O Gilvan distrata as mulheres, a violência de gênero política, a violência contra mãe de santo, contra a Déborah, mulher travesti. São todas essas populações que sofrem diariamente com tanta violência, tanto estigma e ainda ele faz isso. Precisamos buscar todos os direitos possíveis para que ele possa ser punido, pela Comissão de Ética da Casa, que também votou contra o direito de eu receber a moção. Que seja o Ministério Público, alguém precisa frear este homem”.
Deborah foi a primeira travesti do Espírito Santo a ser liberada para participar de um concurso de festa junina, também foi a pioneira sendo a primeira porta bandeira travesti de Carnaval, em 2009.
A ativista é conhecida na Serra por seu envolvimento no meio cultural, principalmente, nos arraiás folclóricos e escolas de samba. “Já dancei muito na Serra e ajudei a fomentar as festas juninas. Arraiá da Gabiraba, Amor Caipira, Zé Barriga e Serra Pelada, todos esses eu dancei, costurei. Sempre me dediquei também às escolas de samba, levantando a bandeira da cultura na cidade”.