As Travestidas se despedem dos palcos após 15 anos colocando ... - Sobral Online

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O coletivo de pessoas LGBTQIA+, com atrizes, cantoras e drag queens, surgiu em 2008, com foco na diversidade sexual, de gênero e de expressões artísticas.

On 14 jan 2023

Teatro, música, dança, humor, audiovisual. Falar d’As Travestidas é sinônimo de coletivo com duplo sentido: de pessoas e de artes. O grupo que transpassou durante 15 anos os palcos de Fortaleza — e do Brasil — se despede do público neste domingo (15), com duas apresentações no Cineteatro São Luiz, no Centro da capital.

O coletivo surgiu a partir das inquietações de Silvero Pereira, ator que interpretou Zaquieu, na novela Pantanal, exibida em 2022 na TV Globo. Como um dos fundadores do coletivo, o cearense dá vida à drag queen Gisele Almodovar nos palcos em que se apresenta com As Travestidas.

Além de Silvero, sobem aos palcos para a despedida d’As Travestidas a Mulher Barbada, Yasmin Shirran, Patrícia Dawson, Verónica Valenttino, Karolaynne e Betha Houston. O coletivo teve ainda outras participações como Alicia Pietá e até Jesuíta Barbosa, que fez “Joventino” também em Pantanal.

“Há 20 anos, quando eu fui tocado pela questão travesti, transexual, transformista, eu vi o teatro como um lugar para questionar, trazer essas inquietações ao palco. A 20 anos atrás, essas discussões não eram tão amplas, e havia um conhecimento bem menor do que o que se tem hoje”, comentou o ator em entrevista ao g1.

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Na avaliação dele, o coletivo conseguiu remodelar as políticas públicas para a população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queers, intersexuais, assexuais e outros (LGBTQIA+) através da arte, e também a dramaturgia com relação às questões de gênero e sexualidade.

A decisão de encerrar o coletivo, no entanto, vem em um momento em que, para ele, novas cenas precisam ser escritas. “As Travestidas não dão mais conta dessa demanda que foi criada 15 anos atrás. Hoje existe uma outra demanda, um outro público, que merece mais espaço e visibilidade para contar suas histórias”, complementou Silvero.

‘A gente se encontrou e foi muito bonito’

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O ator Denis Lacerda — ou Deydianne Piaf, quando sobe aos palcos — é um dos primeiros membros a entrar para o coletivo, a convite de Silvero. Após 15 anos, mantém a gratidão. “A gente se encontrou e foi muito bonito. O Silvero foi o ponto-chave desses encontros; fazendo os convites, entendendo as potencialidades de cada pessoa”, disse a drag queen.

Denis comentou também que o coletivo decidiu encerrar porque as integrantes estão focadas em outros projetos nas próprias carreiras. No balanço dos 15 anos, o humorista exalta o orgulho e nega os arrependimentos.

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“Eu não me arrependo de nada que eu fiz no coletivo. Eu acho que o que a gente fez no passado foi de extrema importância para que hoje tenhamos um debate democrático, perceber o que foi o projeto do coletivo, para que a arte LGBTQIA+ criasse outras pautas, tivesse protagonistas”, disse o ator, que também trabalha como DJ.

Diversidade como ferramenta e pauta

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Abordar a diversidade sexual e de gênero — especialmente as vivências de pessoas trans — sempre foi uma bússola dos trabalhos realizados pelas Travestidas. Além da diversidade de corpos que fazem o coletivo, a diversidade das formas artísticas também era valorizada pelas integrantes.

“Nós fomos o primeiro grupo no Ceará a legitimar a nossa própria arte. A arte trans, a arte drag, só podia ser vista na noite, na boate, e a gente conseguiu levar para outros lugares. Nossa função era tentar fazer com que quem nos visse refletisse sobre como tratavam nossos corpos, as travestis, esse tipo de arte”, disse Verónica Valenttino, atriz e cantora.

“Como não falar de diversidade de forma diversa? Já que éramos um grupo, um coletivo, que pautava diversidade, por termos diversos corpos dissidentes, ainda marginalizados, tínhamos de usar todas as ferramentas para que a arte pudesse chegar de forma mais ampla”, comentou.

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Além do teatro, da música, da dança, ela lembrou do vídeo Gloss-Ário, onde ela, Gisele Almodovar (a drag de Silvero Pereira) e Alícia Pietá apresentam várias expressões do vocabulário LGBTQIA+ da época. “Foi um dos primeiros memes brasileiros. É um vídeo que onde a gente chega, todas as pessoas LGBTQIA+ conhecem”, relembrou ela, que também foi uma das primeiras integrantes do coletivo.

“Falar do coletivo é falar de um movimento que vai para além do artístico; eu diria que é um movimento social. É uma continuidade de um trabalho de ‘transcestralidade’, que reforça nossa existência. O coletivo não é composto apenas de pessoas trans, mas é feito de corpos de pessoas LGBTQIA+”, complementou a artista.

Fonte: G1

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