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A última semana foi marcada por uma triste marcha-ré civilizatória. De repente, no Leste Europeu voltamos à barbárie da lei do mais forte. Tirando a máscara, Putin se revela o novo Hitler ressurgido quase cem anos depois, com sua política de anexação para “defender” os vizinhos. Famílias fugindo de bombas insanas que arrasam prédios. A invasão da Ucrânia, em nossos dias, é como peça fora do contexto. Um horror que não pode ser tolerado pelas demais potências democráticas neste mundo globalizado. Até agora, filmes e fotos do inferno arquitetado e executado por Putin correm o mundo, como saldo macabro da ação de mãos assassinas. Um DNA voltado para o mal, nascido e organizado para o mal. Nanometricamente, tivemos no Brasil a amostragem dele. Quinta-feira, em Salvador e Recife, e sábado, em Porto Alegre e em Curitiba, este DNA respondeu presente nas mãos que atiraram bombas e pedras no interior dos ônibus transportando os times do Bahia, do Náutico, do Grêmio, e invadindo o campo, com pedaços de cadeiras, para agredir jogadores do Paraná. Bombas e pedras jogadas no interior de ônibus são uma extrema covardia. Valem como tiro nas costas de cidadão anônimo ou em recém-nascido. Não há a menor possibilidade de defesa.
Em torcidas organizadas, embora de maioria ordeira, é fácil encontrar grupamentos sanguinários orientados por este tenebroso espectro.
Menos espetaculosa, mas ainda mais mortal, é a mão assassina que troca tanques e fuzis pelo teclado do celular ou do computador. Disseminam-se ódio, mentira, injúria, ofensa gratuita, como receitas de pão de queijo. Nem sempre os alvos são ideológicos. Basta um discordar de opinião.
Muitas vezes, até em grupamentos familiares ou de amigos, a desativação progressiva de nosso radar do bom senso é tão sutil que desaparece e não percebemos. Também, não entendemos depois tantos cancelamentos…
Por isso, antes de julgar o mundo será prudente um olhar reflexivo. Pra dentro de nós mesmos e de nossa própria casa. O que estamos fazendo com nossos teclados, nossas palavras e nosso próximo?
BATE PAPO NO QUINTAL
1. José Fernando Durães Saraiva – reclama: mora no Rio, só tem podido “assistir” os jogos do Cruzeiro pelo rádio.
Meu caro José Fernando, avanços tecnológicos, a agressividade do mercado de streamings, SAFs, etc, acabaram com a antiga tranquilidade de ligar a TV e assistir ao jogo. Agora, é imprescindível um trabalhoso e, às vezes, custoso ritual. Primeiro, descobrir onde será transmitido e como acessar. Em seguida, comprar o jogo ou o campeonato. E torcer, muito, pra dar certo. Primeiro, a transmissão. Depois, o time.
2.Pepe Legal, sem medo de cutucar caixa de marimbondo.
“Pelo menos, a gente não precisa ser lembrado como referência de polêmica PELO RESTO DA VIDA!
Notícia do Supersportes: “Nacho rebate Riquelme sobre polêmica na Libertadores: “Atlético ganhou”. Meia atleticano ainda explica “pressão” a árbitro em revisão do VAR que anulou gol do Boca no mata-mata”.
…Pelo visto, essa Libertadores 2022 vai ser bem interessante”.
Pepe, hoje não saia sem seu colete a prova de balas.
3. Jorge nunca falha com seus milhares de seguidores neste QUINTAL. Sempre tem bem elaborado e diversificado coquetel onde fatos são misturados com versões e o resultado é garantido: o tempero é tão bem feito que, no final, torna-se impossível separar uns dos outros. Como sempre faço, vou pinçar pedagogicamente uma “cepa-coreana”, amostra do conhecido e temível “jeito Jorge de ser”:
“… Se o Atlético entrou com ação de retrocessão do terreno, ele ainda recebeu por ele? Quanto foi, Dalai, que o Atlético recebeu pelo terreno que, afinal, voltava para ele? ”
Meu caro Jorge, com a ação de retrocessão, o Atlético “apenas” recuperou de volta o terreno. De novo, o que ele recebeu veio na transação posterior: O Shopping Diamond Mail.
4. Bruno Araújo de Carvalho concorda com o blogueiro:
“…precisamos de identidade e uma zaga titular pra pegar entrosamento. Em uma zaga que até Brock vem se destacando me dá medo pra sequência… a propósito, obscuras essas tratativas do zagueiro Maicon…”
Bruno, as negociações com Maicon estão na fase montanha-russa. Altos e baixos. O Santos teria proposta melhor. Mas vale a pena torcer pra que fique. Ele chegou a dar declaração que me comoveu – “não é a proposta, é o propósito”. Quase fiz coluna sob esse tema motivacional.
5.Rodrigo Valu comete dois equívocos, sempre reprisados na barraca atleticana e que não têm a menor consistência: 1. Atribuir arrogância e vaidade à torcida cruzeirense. Esta última só está em nosso hino, como figura poética. Nunca fomos arrogantes, apenas felizes por comemorar uma penca de títulos durante décadas. 2. O segundo equívoco é reproduzir nossas manifestações de confiança, após a queda pra a Série B, sem contextualiza-las. Elas surgiram sob o impacto da consternação pela queda. Foi um sentimento de esperança que passou a dominar vários setores da sede administrativa, com ideias fantásticas, revolucionárias, para a disputa e, claro, tendo como motivação também o nosso centenário. Alguns desses projetos já foram comentados aqui.
Tudo isto, meu caro Rodrigo, vicejou com um entusiasmo difícil de esquecer, naquelas poucas semanas que intermediaram a queda da quadrilha e o surgimento da pandemia que trancou o mundo em casa. De repente, não pudemos nem mesmo comparecer à sede do Clube. Só os boletos não pararam de chegar. Os planos viraram sonhos.
6.Tite no Sportv – Tive a sorte de assistir, sexta-feira, a entrevista de Tite ao Redação, com Marcelo Barreto, Tim Vickery e Charles Gavin. Dos quatro, um show de experiência, prudência, informação, habilidade, humildade profissional, técnica de observação. Podemos discordar das escolhas de Tite. Jamais de seus fundamentos. De pinga, ele nos brindou explicando a diferença entre ignorância e estupidez. Na primeira, o agente não sabe e fala asneira. Na segunda, o agente sabe que é asneira mas reproduz. É a estupidez clássica.
Será que Tite está lendo o QUINTAL?
7.Luiz Gonzaga de Barros direto ao ponto:
“Que estamos em outro patamar não há dúvida nenhuma, em passado recente perdemos a classificação para times piores do que o Sergipe” (…) “os dias de casa de mãe joana terminaram…”
Deus e Pezzolano te ouçam. Precisamos, sim, de uma defesa definida, treinada, azeitada.
8. Jorge/2 retorna pra confirmar sua ambivalência. Com duas balas no tambor, na emoção, dispara os dois tiros. Um no alvo, outro no pé. Com o primeiro e, inspiradamente, tendo em vista o próximo adversário do Cruzeiro na Copa do Brasil, brinda os 90 mil corajosos leitores deste QUINTAL com a letra do clássico de Antônio Barros e Cecéu, “Bate Coração” (Tum Tum) imortalizado por Elba Ramalho. Nota 10.
Depois, Jorge é Jorge…
“… a Copa do Brasil não pode ser isto aí, né? Isso aí são as fases eliminatórias e é como ir pulando de fases ou de séries. Começa com times muito pequenos, desconhecidos (ou nem tanto, embora pequenos), como se fosse uma espécie de série D.”
Meu distraído amigo: você se esqueceu do time que deu origem à série? Desculpe-me, não me queira mal, mas vou lhe lembrar: Afogados da Ingazeira!
9. Filipe Braga vê progressos no time, mas alia-se aos que pedem a implantação, no mínimo, de uma defesa titular. A zaga ideal, nas atuais circunstâncias, seria mesmo Maicon e Sidney. Filipe discorda dos destaques apontados pelo blogueiro e explica:
“Pedro Castro ainda não fez o que Machado tem feito, mesmo tendo ido mal no último jogo. Roque precisa ir entrando e ganhando vaga aos poucos, até pra não subir à cabeça. Edu (titularíssimo); João Paulo (inconstante, com mais créditos, embora Canesin esteja entrando muito bem), sim devem ser titulares. Mateus Bidu melhorou em relação aos primeiros jogos, mas nem de longe fez 10% do que Rafael Santos tem feito, basta ver as assistências e marcação. ”
Filipe, o importante é que já podemos discutir sobre opções válidas. Isto era impensável nos últimos dois anos. Canesin, embora entrando no quarto final, tem me deixado muito boa impressão.
10. Marcinha Guedes manda recado para que o blogueiro tenha “cuidado com os egos”… Conscientemente, diz referir-se aos técnicos de Cruzeiro e Atlético, pois “uruguaio é sangue quente”.
Mas, e inconscientemente?
Minha cara Marcinha, obrigado pelo conselho, mas, permita-me também alerta-la: Cuidado com os egos dos 4Rs. Só no baralho quatro reis, juntos, se dão bem.
11.Manuel Panhame repercute entrevista do técnico El Turco, a jornalistas argentinos, sobre a rivalidade com os cruzeirenses. Pra surpresa deste blogueiro, afirma que em Belo Horizonte atleticano não usa roupa azul… Confesso que não sabia. Claro, houve aquele grotesco episódio do presidente Kalil mandar pintar de preto o manto azul de Nossa Senhora. Ganhou o Nobel do Ridículo.
Ao contrário, nós nunca tivemos qualquer objeção no uso de roupas pretas. A gente sentia que o Cruzeiro incomodava demais ao Atlético, mas não a esse ponto…
Em Porto Alegre, como se sabe, gremista veta o vermelho em suas roupas e objetos da casa, da mesma forma que os torcedores do Inter não usam azul.
Agora, graças ao ilustre historiador deste QUINTAL, ficamos sabendo: o bullyng azul tinha fronteiras ainda mais amplas…
12. Mão Grande em Pouso Alegre – sábado, só pra não perder o costume nem o ponto, uma garfadinha básica no lanterna do campeonato. Não faz mal a ninguém que seja atleticano…
13. Putin é o seu próprio Rasputin –
“Rasputin (depravado, em russo), cujo nome era Grigori Efimovich Novykh, um misto de monge e bruxo, foi conselheiro de Alexandra, esposa de Nicolau II, último czar do Império Russo, no início do século 20. No contexto palaciano, o czar era manipulado pela czarina, que por sua vez era manipulada por seu conselheiro mefistofélico e maquiavélico. Essa cadeia de manipulação levou a Rússia ao caos político, econômico e social, por seu catastrófico envolvimento na Primeira Guerra Mundial, culminando no assassinato de Rasputin na Revolução Russa de 1917 e na chacina da família imperial pertencente à dinastia Ramanov. É curioso e simbólico que o nome de Vladimir Putin, que agora envolve a Rússia numa nova guerra de consequências imprevisíveis, faça rima com Raspustin. Putin é seu próprio Rasputin. ” (Túlio Marco Soares Carvalho – Estado de Minas, Espaço do Leitor, 27/02)
GARIMPO
“Tudo de que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda”.
(Alexander Woollcott).
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.