A banalização da barbárie brasileira - Estado de Minas

3 years ago 1195

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verlan Stutz

Jornalista, poeta e professor

“A banalizao da barbrie algo bem brasileiro. A cordialidade atribuda ao Brasil no passa de um conto de fadas enfadonho, coisas de intelectuais de gabinete que no vivenciaram a cara da barbrie brasileira nos becos e escadas das favelas deste pas-continente. Quando assisti ao vdeo em que o congols Mose Kabagambe foi morto, com 14 pauladas, senti uma vergonha medonha de ser brasileiro.

Somos brbaros quando ficamos indiferentes execuo da vereadora Marielle Franco, somos brbaros quando ignoramos os oitenta tiros disparados contra um homem negro, somos brbaros quando banalizamos a morte da travesti Dandara, espancada e morta a tiros no Cear. Somos brbaros quando ignoramos a morte, a pedradas, de uma garota trans de 13 anos. Somos brbaros quando no demonstramos profunda indignao pelo assassinato de um jovem gay do MST que teve o corpo carbonizado. Somos brbaros quando consentimos as falas preconceituosas de um genocida negacionista que negligenciou a pandemia da COVID-19 desde o incio. Somos brbaros quando aceitamos a intolerncia e a violncia direcionadas a grupos historicamente vulnerabilizados.

Somos brbaros quando no percebemos que nossa dor coletiva, que a violncia gerada a partir da imensa desigualdade social do Brasil, uma discrepncia carregada de sangue negro e de trabalho escravo. Somos brbaros quando no reagimos a grupos de extrema-direita que so contra as cotas em universidades pblicas. Somos brbaros quando negamos nossa barbrie histrica. Somos bem brbaros quando aceitamos o mal que o atual desgoverno fez ao Brasil em to pouco tempo. Somos brbaros quando negamos a cincia e o trabalho incansvel do SUS para conter o avano da pandemia, apesar da barbrie institucionalizada pelo atual desgoverno. Somos brbaros quando no reagimos banalizao da barbrie. Somos brbaros quando no aceitamos a diversidade, seja ela qual for. O problema : at quando?”

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