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Após nove horas de julgamento, o Tribunal do Júri absolveu, na última terça-feira (5), um dos réus pela morte da travesti Bruna Torres, em setembro de 2019, na Vila Furlan, em Araraquara. Foi o segundo caso de absolvição referente ao homicídio.
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Ederson Luiz Soares Pereira, conhecido pelo nome social de Lívia, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por homicídio qualificado, por motivo torpe, emprego de tortura e emboscada, e ocultação de cadáver.
Porém, a defesa da acusada conseguiu demonstrar a ausência de autoria e irregularidades que ocorreram no curso do processo, convencendo o Júri de sua inocência.
“Não havia provas de autoria e [a defesa] demonstrou irregularidades no processo, que macularam depoimentos de testemunhas, e a possibilidade de tentativa de fraude e obstrução de Justiça. A demonstração de fraude no processo, por alguns envolvidos e uma testemunha, é latente“, disse o advogado Jefferson Rodrigues Faria.
Lívia estava presa há dois anos e oito meses e, segundo o defensor, sem assistência de um advogado há mais de um ano. Ele afirmou que pretende se reunir com a família para definir a possibilidade de uma ação indenizatória pelo período em que ficou presa indevidamente.
Segundo a investigação, conduzida pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de São Carlos, Lívia era gerente de uma casa de prostituição na qual a vítima trabalhava e estaria envolvida diretamente no crime.

OUTRA ABSOLVIÇÃO
Esta foi a segunda absolvição no curso do processo. Em abril de 2023, Caio Augusto Rodrigues Oliezer foi absolvido pela primeira vez. Depois, em setembro do mesmo ano, após o Tribunal de Justiça de São Paulo atender a um pedido do MP e anular o primeiro julgamento — por entender que a decisão dos jurados havia contrariado a prova existente nos autos —, foi absolvido novamente.
CONDENADOS
Também em abril de 2023, Tiago Augusto Chiarelli, a Tamy, que continua foragida, foi condenada pelo Tribunal do Júri a 22 anos e seis meses de prisão, e Dionathas Batista Oliveira, a 25 anos e seis meses. Ambos foram denunciados por homicídio qualificado — por motivo torpe, emprego de tortura e emboscada — e ocultação de cadáver.
Segundo a investigação, Tamy e Caio eram proprietários da casa de prostituição, da qual Lívia era gerente, e teriam contratado Dionathas para cometer o crime após um desentendimento com a vítima.
O CRIME
O corpo de Bruna Torres, na época com 26 anos, foi encontrado com sinais de violência, com as mãos e pés amarrados às margens da Rodovia Deputado Vicente Botta (SP-215), próximo ao trevo da entrada do bairro Cidade Aracy, em São Carlos.
Na ocasião, o delegado da DIG, Gilberto de Aquino, disse que o crime ocorreu em uma pensão onde travestis ficavam hospedadas, na Vila Furlan, em Araraquara. Na sequência, o corpo foi abandonado na cidade vizinha.
Na pensão, os investigadores encontraram fios de cabelo e manchas de sangue espalhados em alguns cômodos. Também foram apreendidos objetos que demonstraram que a vítima devia R$ 800 para uma cafetina.
Vizinhos relataram à polícia que escutaram uma discussão e barulho de móveis sendo arrastados na pensão na madrugada do dia 15 de setembro.
Bruna Torres, como era conhecida nas redes sociais, era natural de Manaus, no Amazonas. O corpo dela foi levado até sua cidade na natal após ajuda de amigos.