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A mulher transexual que foi atacada com um jato de extintor de incêndio e sofreu vários xingamentos, incluindo ameaças de morte, no bairro Somenzari, na zona norte de Marília (SP), passou a frequentar um curso inédito no município de capacitação para o mercado de trabalho.
Voltado ao público LGBTQIA+, o curso é gratuito e tem como objetivo preparar os alunos para o mercado de trabalho, trazendo empresas apoiadoras da diversidade para promover a inclusão no ambiente profissional.
“Está sendo muito legal porque nunca tivemos nenhuma oportunidade desse tipo. Estamos sendo muito bem tratadas. Estamos aprendendo muito sobre mercado de trabalho, recursos humanos. É uma vitória um curso cheio de travestis estudando", afirma Kelly Fernandes.
As aulas são realizadas na sede do Senac, na região central de Marília, e a iniciativa também tem apoio da Secretaria de Direitos Humanos, NUAD-Sindimmar, Secretaria de Turismo, Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Sebrae, PAT-Marilia e Associação Comercial e Industrial de Marília (ACIM).
“Ainda há muito preconceito, mas agora já podemos até sonhar com outras iniciativas voltadas para nós em Marília”, continua Kelly.
A agressão contra Kelly Fernandes ocorreu em julho deste ano. Ela foi abordada por homens em um carro, que a agrediram com um jato de extintor, ofensas e ameaças.
Eles ainda gravaram a ação. No vídeo que circula nas redes sociais, é possível escutar um dos ocupantes do veículo dizendo "olha, que bicha bonita". Kelly fez sinal negativo com a mão, e o extintor foi acionado contra o rosto dela. (Veja o vídeo abaixo.)
Em seguida, os agressores passam a rir e a xingá-la. Segundo Kelly, um dos ocupantes do carro a ameaçou, gritando "vai morrer".
Ataque de extintor contra transexual é filmado em Marília
Segundo o boletim de ocorrência, Kelly contou ainda que, após alguns minutos da primeira abordagem, os agressores retornaram ao local e o motorista a perseguiu com o veículo, que chegou a subir na calçada, com o objetivo de atropelá-la. Ela conseguiu correr e evitar o atropelamento.
Ainda de acordo com o registro policial, um outro veículo, ocupado por quatro homens, também fez ameaças à mulher trans momentos depois.
Caso de agressão a mulher trans foi registrado em Marília — Foto: Reprodução/Redes sociais
Segundo Kelly, enquanto ela transitava pela Rua Nossa Senhora de Fátima, o carro reduziu a velocidade e um dos passageiros começou a arremessar ovos, que a atingiram. Na sequência, os agressores fugiram do local.
Nas últimas semanas, a Polícia Civil conseguiu identificar alguns suspeitos, que foram ouvidos e podem responder criminalmente. Segundo a delegada Darlene Rocha Costa, pelo menos dois homens confirmaram os fatos.
“Foi instaurado inquérito de injúria racial e ameaça com pena aumentada devido à divulgação em redes sociais, sem prejuízo de caracterização de outras infrações penais”, explicou.
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