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Com a mudança do Governo, muitas pautas que estavam esquecidas voltaram à tona, e muitas outras passaram a existir. Com isso a população mais vulnerável volta a ter uma possibilidade de assistência presente. Nesse sentido a criação da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, que será administrado por Symmy Larrat, uma mulher transexual que se identifica como travesti e já coordenou o programa “Transcidadania”, na gestão Fernando Haddad, em São Paulo, foi muito bem recebida por ativistas ouvidos pela Agência Aids. Além de Symmy Larrat , o fato do Ministério da Saúde ter convidado Alícia Krüger para ocupar o cargo de coordenação na Assessoria de Políticas de Inclusão, Diversidade e Equidade em Saúde, repercutiu positivamente entre os ativistas. Alicia é farmacêutica, sanitarista, epidemiologista e travesti e tem especialização em gestão de políticas com foco em tuberculose, ISTs, aids, hepatites virais e saúde LGBTQIAP+.
De acordo com a Secretaria de Saúde a comunidade LGBTQIAP+, acaba se tornando a população-chave para se infectar com o HIV. Segundo informações da Secretaria, são definidos como população-chave grupos que apresentam questões comportamentais, sociais e legais que aumentam sua vulnerabilidade à infecção do HIV. Diante disso, é de vital importância desenvolver estratégias específicas para estas populações, como já está acontecendo através da criação dos departamentos. A Agência Aids conversou com ativistas sobre o convite feito às duas profissionais.
Alberto Silva, CEO da Casa Florescer: “Essas novas secretarias propiciam uma interlocução mais fácil e assertiva com a comunidade LGBTQIAPNB+, ao falar de representatividade e possibilidade, falamos de narrativas muitas vezes invisibilizadas pelo próprio sistema, que em muitos momentos foi um pouco opressor. Então pensando nessa questão, a secretaria LGBTQIAPNB+, é justamente para que nós possamos ter acesso a um canal de comunicação mais efetivo, para falar sobre as nossas singularidades, para garantir os nossos direitos e ter essa representatividade e talvez segurança, observando que o Brasil é um país que mais mata a população LGBTQIAPNB+. Ter essa secretaria é importante, ela reforça as nossas necessidades e as nossas possibilidades, além de ser um lugar a qual podemos recorrer e levar outras demandas”.
“Quando pensamos nessa relação intersecretarial, pensamos no direito básico do ser humano que é a saúde, que ficou fragilizada por falta de informação e de acesso à tecnologia, para que fomentassem outras possibilidades, e assim o trabalho fosse um pouco mais assertivo. Então, essas secretarias vão ajudar a tratar a saúde das pessoas de forma mais concreta, orientando elas a fazerem o uso da PREP e da PEP e ter uma redução nesses índices.Temos uma cultura pré-estabelecida a muitos rótulos e estigmas, acredito que quando esses setores começam a ter uma atuação principalmente direcionada ao público vivendo com HIV/aids, eles diversificam e desconstroem questões que são tão pesadas e norteadas para as pessoas HIV+, entendendo que é um processo e que existem métodos anteriores de prevenção, esses setores vão possibilitar uma medicina mais avançada, qualificada e assertiva”.
Dindry Buck, Drag Queen, agente de Prevenção há 20 anos: “Olha nós saímos de um momento complicado, delicado e sinistro para a comunidade LGBTQIA+. Já estamos vislumbrando a luz, não é nem no fim do túnel, pois já saímos dele, com essa Secretaria LGBTQIA+ e Assessoria de Política de Inclusão, Diversidade e Equidade em Saúde. Então, com essas secretarias, acredito que teremos um olhar mais delicado e atencioso para o tema dos LGBT’s. É uma questão de saúde em que ficamos na obscuridade relacionada é fantástico e maravilhoso ter essas secretarias. Quando os planos forem colocados em prática, tudo isso será um sonho se tornando realidade”.
“O impacto na redução nos casos de HIV/aids será muito grande porque teremos uma secretaria voltada para a questão da saúde LGBTQIA+ e nós voltaremos com as questões dos comerciais nas televisões falando sobre prevenções e cuidados. Vamos abordar mais a população LGBTQIA+, em questões de prevenção. Temos insumos, a PREP a PEP e tudo mais. A partir do momento que isso for para as mídias as pessoas passarão a ter mais conhecimento, e isso é de vital importância. Eu lembro que durante a pandemia fui palestrar em um serviço super grande, que é conhecido em São Paulo. Tinha cerca de 300 funcionários. Ninguém nunca tinha ouvido falar de PREP ou PEP. É muito importante voltar a falar sobre prevenção, e ter propagandas na mídia, veicular informações, para as pessoas terem conhecimento. As redes sociais proliferam tudo, temos redes sociais voltadas para pegação e tudo mais, então precisamos também ter esse embasamento e falar mais sobre a questão da prevenção em si”.
Dica de entrevista:
Dindry Buck
E-mail: dindry@gmail.com
Casa Florescer
Telefone: (11) 3228-0502
Gisele Souza (gisele@agenciaaids.com.br)