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A Bancada Feminista do PSOL, composta por Paula Nunes, Carolina Iara, Simone Nascimento, Mariana Souza e Sirlene Maciel, foi eleita e vai ocupar uma das 94 cadeiras da assembleia legislativa de São Paulo. Na Câmara Municipal de São Paulo, a Bancada Feminista se tornou uma das referências de mandatos coletivos no país. “Eleitas! Somos as deputadas estaduais mais votadas do Brasil! Mais de 250 mil votos, sonhos! A emoção é gigante! Ainda mais, porque sabemos que tudo isso é fruto da coletividade! Somos 5! Somos milhares de mulheres, negras, LGBTQIAPN+, ecossocialistas, que estão com a gente nesses votos e nessa luta! Agora, cada dia mais, precisamos ir juntas, porque os desafios serão muitos! Até hoje, só quatro mandatos de mulheres negras ocuparam a Alesp em toda a História dessa casa! E nós vamos chegar de bonde”, escreveu a Bancada Feminista no perfil oficial do Instagram.
Carolina Iara se tornou a primeira co-deputada intersexo do país. Ela, que vive com HIV, acredita ser necessário alterar o perfil das casas legislativas no Brasil e garante que a presença de pessoas do povo com posicionamento de esquerda altera a dinâmica política de casas legislativas.
“A gente vai ter que manter uma mobilização popular em cima da Alesp, porque o que a gente percebeu com a Erica Malunguinho, na Frente Parlamentar LGBT e também na Frente Parlamentar de Defesa da População de Rua, é que se tem o povo lá enchendo o saco deles, eles recuam. Então eles recuaram em vários projetos LGBTfóbicos”, afirmou.
Representante da população com HIV/aids
“A minha trajetória política começou com o meu nascimento”, conta Carolina Iara. Ela é servidora pública da saúde e ativista em direitos sociais e humanos. Nascida intersexo, em uma época com poucas informações sobre a pluralidade de corpos, foi submetida a diversas cirurgias de redesignação sexual. Ou mutilações, como chama. Sua mãe, solo, negra e periférica, achava que os médicos tinham razão.
“Seu filho em uma síndrome rara de anomalia de diferenciação sexual, ele nasceu com um problema na genitália, mas como ele tem músculo suficiente para formação de um pênis, vamos fazer o processo de fazer ele ter um pênis normal”, escutou de um deles. E foi o que aconteceu.
Só no começo de 2019 que Carolina saiu novamente do armário e se posicionou, de uma vez por todas, como travesti. Como eleita, ela afirma que carregará as bandeiras que carrega em seu corpo e conhece bem.
Mandato estadual
Com o mandato estadual, a Bancada Feminista também pretende apoiar mulheres, trans e cisgênero, por meio de apoio a vítimas de violência doméstica, como sinaliza Simone Nascimento, co-candidata.
“A gente precisa fiscalizar, por exemplo, a rede de proteção a violência contra a mulher. Existem muitas casas de proteção de abrigo que estão totalmente desassistidas, inclusive porque o governo federal zerou o repasse à Casa da Mulher Brasileira, por exemplo”.
Simone reforça a característica coletiva do mandato, que visa ouvir grupos de mulheres de todo o estado, para fortalecer a vida cotidiana delas. “As nossas propostas são formuladas por todos os setores e foram feitas a partir de muita escuta ativa”.
Redação da Agência Aids