Primeira travesti doutora pela Ufam é aprovada com tese sobre invisibilidade de lésbicas negras e afro-indígenas

1 month ago 574
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A historiadora Michele Pires Lima se tornou a primeira travesti a obter título de doutora pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com a tese “Sob o espelho de Oxum: afetos, maternagem e ações sociopolíticas de Mulheres Lésbicas Negras e Afro-indígenas em Manaus/AM (1992-2020)”. 

O trabalho, apresentado no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), analisou memórias e experiências de ativistas lésbicas negras e afro-indígenas, destacando sua atuação e os desafios de representatividade. Cinco ativistas colaboraram com relatos e vivências: Andria Paula, Francy Junior, Antonia Barroso, Sebastiana Silva e Izabel Cristina.

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O período estudado marca desde o surgimento dos primeiros movimentos sociais LGBTQIAPN+ em Manaus até mudanças nas práticas ativistas durante a pandemia de Covid-19, quando lideranças ampliaram a atuação para ações comunitárias, como a distribuição de sopas e cestas básicas.

A pesquisa, orientada pelo professor Júlio Claudio da Silva, utilizou conceitos de interseccionalidade de Patricia Collins e metodologias de História Oral de Verena Alberti e Michael Pollak. A tese se divide em quatro capítulos: produção de conhecimento decolonial; experiências de desigualdade social; atuação política e social das ativistas; e representatividade na mídia local.

“Tive a alegria de orientar e testemunhar a formação dessa grande intelectual. Foram anos felizes de trabalhos, prêmios e publicações”, disse em nota da Ufam. 

Para a historiadora Dhyene Vieira, integrante do Instituto Histórico e Geográfico do Amazonas (IGHA), Michele “é uma importante referência nos estudos históricos de gênero, à frente de seu tempo em nossa geração”.

Primeira travesti doutora da Ufam

Ao conquistar o título, Michele Pires Lima se tornou a primeira travesti a concluir o doutorado na Universidade Federal do Amazonas. Para ela, o feito representa visibilidade e a possibilidade de inspirar outras pessoas trans a ingressarem e permanecerem no ensino superior.

“Minha presença aqui cria visibilidade e demonstra para outras pessoas trans que é possível chegar a este lugar. Isso é especialmente importante em um país onde a população trans enfrenta baixos níveis de escolaridade devido à transfobia estrutural”, relata.

A pesquisadora ainda defendeu que sua trajetória não deve ser um caso isolado: “Minha esperança é que eu seja a primeira de muitas. Que venha uma segunda, uma terceira e assim por diante. É necessário que nossos corpos, nosso conhecimento e nossas ideias se naturalizem na universidade”.

Texto com informações da Ufam.

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