Práticas de redução de danos como estratégias de saúde pública é tema do PodH, da Agência Aids - Agência AIDS

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O que é redução de danos? Qual a relação entre Direitos Humanos, drogas e o proibicionismo? E quanto à prevenção ao HIV/aids e outras ISTs? Essa e outras perguntas foram respondidas no mais novo episódio do PodH, da Agência Aids. O podcast, apresentada pela jornalista Filomena Salemme, chega as plataformas de streaming nesta quinta-feira (29) e traz informações sobre a política de redução de danos e HIV. Segundo o guia de terminologia do Unaids, a redução de danos é definida como um pacote abrangente de políticas, programas e abordagens para reduzir as consequências prejudiciais associadas ao uso de substâncias psicoativas sobre a saúde e em termos sociais e econômicos.

A equipe do PodH conversou com ativistas e especialistas no assunto. A redução de danos caracteriza-se como uma abordagem ao fenômeno das drogas que visa minimizar danos sociais e à saúde associados ao uso de substâncias psicoativas. O início dessas intervenções foi marcado por ações no campo da saúde, que hoje têm se ampliado da esfera do direito à saúde para as esferas do direito à cidadania e dos Direitos Humanos. As práticas de redução de danos buscam a socialização política de pessoas usuárias de drogas de maneira crítica, no sentido de tornarem-se protagonistas do seu cuidado com a saúde, da busca pela efetivação de direitos, e da discussão de políticas governamentais e de Estado, individual e coletivamente.

A origem da redução de danos data de 1926, na Inglaterra, com a publicação do Relatório Rolleston, a partir do qual se indicava a prescrição médica de opiáceos para dependentes químicos de heroína, como forma de prevalecer os benefícios desta administração frente aos potenciais riscos da síndrome de abstinência. No Brasil, a redução de danos data do final da década de 80 com a troca de seringas usadas por estéreis, em Santos, nas cenas de uso de drogas injetáveis para conter a disseminação de HIV/aids, já que o compartilhamento de seringas era uma prática constante.

A ativista Matuzza Sankofa, redutora de danos no Centro de Convivência É de Lei, foi uma das entrevistadas. Ela já morou na rua e se considera sobrevivente do sistema prisional. “Esses lugares de vulnerabilidade foram me formando para eu ser a redutora de danos que sou hoje”, disse Matuzza, completando que “o primeiro insumo de cuidados da redução de danos é a escuta, é o contato com o outro, é uma escuta sem juízo de valor”, explicou.

Outra ativista que compartilhou sua experiência com redução de danos neste PodH foi Priscila Coutinho, que atua em Santos. Coordenadora do coletivo “Donas da Rua”, ela vive com HIV há mais de 20 anos. “Com 13 anos fui expulsa de casa. Minha família não aceitou minha orientação sexual e identidade de gênero, são evangélicos. Fui acolhida por uma travesti e descobri que com o meu corpo poderia me sustentar”, relatou o lembrar o momento que começou a se prostituir. “Era tudo muito difícil, para ganhar um pouco mais de dinheiro aceitava usar drogas junto com os clientes, em uma dessas vezes contrai o HIV, quando eu descobri já estava com 19 anos, hoje tenho 44”, contou Priscila.

Priscila considera que a redução de danos garante direito à vida. “O usuário de droga tem direito à vida. Eu falo isso para todas as pessoas, a redução de danos salvou a minha vida porque eu já não tinha mais expectativa.”

A palavra do especialista

O educador social e redutor de danos Myro Roim, mestre em ciências da saúde pela Unifesp e pesquisador do campo da redução de danos, políticas de drogas e das IST’s HIV/aids, também foi um dos entrevistados do PodH. Ele é membro da Coordenação Nacional da Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas e também membro do Movimento Brasileiro da Redução de Danos.  “A maior dificuldade para a prática de redução de danos consiste justamente na ótica proibicionista, que acaba interditando a produção e a promoção ao cuidado, essa dificuldade é muito ampla, e acaba impedindo a execução da redução de danos.”

Na avaliação do especialista, “a redução de danos é eficaz, e é a melhor e a maior estratégia para o campo das IST’s, HIV/aids.”

Clique aqui e ouça o novo episódio

Gisele Souza (gisele@agenciaaids.com.br)

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