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Júnior Moreira Bordalo
27 de abril de 2022 | 17h06
Vista da cidade Candelária, no Rio Grande Sul. Foto: Divulgação
A Polícia Civil da pequena cidade de Candelária, na Região Central do Rio Grande do Sul, já identificou um dos suspeitos responsável por compartilhar listas com classificações ofensivas dos habitantes. O material com centenas de nomes circula nas redes sociais há duas semanas e apresenta classificações específicas, como os ‘mais chatos’, ‘velhacos’, ‘cornos’, ‘comedores de traveco’ – termo pejorativo para designar população travesti – e ‘cheiradores de pó’ – referência a dependentes químicos. Um morador prestou queixa.
Os responsáveis têm utilizado grupos do WhatsApp e Facebook para repassar o conteúdo – que é editável. Há nomes de autoridades, comerciantes e pessoas conhecidas da cidade de 31 mil habitantes, localizada a 187 km de Porto Alegre. Referências ao local de trabalho e estabelecimentos próprios também são citadas. A primeira lista que viralizou foi a dos “chatos”.
Em entrevista ao Estadão, a delegada do município, Alessandra Xavier de Siqueira, afirmou que atualmente são ao menos cinco rankings diferentes, com argumentos pejorativos. Ela apontou que quem compartilhou o material também pode responder criminalmente, já que envolve agressões à honra e difamação. A policial orientou ainda que “aquelas [pessoas] que se sentirem lesadas devem registrar ocorrência no site da Delegacia On-line”. ”Como é um crime de ação penal privada, que depende da manifestação da vítima, orientamos a fazer o registro. Ai entramos com as investigações”, detalhou.
Um dos atingidos foi o gerente de posto de combustível, Márcio Aurélio, que formalizou a queixa nesta quarta-feira, 27, após aparecer na lista de “comedores de traveco”. “Foi bem constrangedor, não sabia da lista e me pegou de surpresa. Estava levando na brincadeira até que vi minha filha chorando por conta das ‘piadas de mau gosto’ na escola”, confessou.
Ele disse que não faz ideia do motivo de ter sido marcado no material. “É a grande dúvida que tenho na cabeça, pois sempre busco fazer o bem. Não causo problema a ninguém”, garantiu. Um dos suspeitos foi identificado e, segundo a delegada Alessandra, pediu desculpas. “Temos um cartório de mediação de conflito e propus um acordo entre eles. Porém, a vítima quer um pedido público de retratação”, contou. Outras pessoas entraram em contato com a polícia, mas evitaram formalizar a denúncia em razão do constrangimento.
O crime de difamação é tipificado pelo artigo 139 do Código Penal. De acordo com a legislação, incorre em crime quando se imputa fato ofensivo à reputação de alguém. A pena prevista varia de três meses a um ano de prisão e multa. Além disso, decisão pode ser triplicada quando o crime é cometido ou divulgado nas redes sociais. “Peço para pararem porque envolve pessoas inocentes. Que isso sirva de lição não só aqui, mas para outras cidades”, finalizou Aurélio.
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