Perseguida pela Inquisição: quem foi Xica Manicongo, primeira travesti do Brasil

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Ilustração "Quem tem medo de Xica Manicongo?", sobre a primeira travesti do Brasil, é enredo da Paraíso do Tuiuti para 2025.

 (GRES Paraíso do Tuiuti via instagram/Reprodução)

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A Inquisição em Portugal teve início em 1536, quando foi instituído o Tribunal do Santo Ofício no país – o órgão religioso dedicado a perseguir e julgar hereges – com foco em identificar judeus convertidos à força ao cristianismo, mas que continuavam praticando o judaísmo secretamente. Outros condutas consideradas heréticas também eram perseguidas, especialmente as de cunho sexual.

Nas primeiras décadas, a Inquisição lusitana pouco afetou o Brasil, que já era colônia portuguesa, mas não tinha um órgão inquisitoral instalado aqui. Até que o Tribunal do Santo Ofício decidiu enviar oficiais para coletar denúncias por aqui, nas chamadas “visitações” da Inquisição.

Em 1591, durante a primeira visita do Tribunal do Santo Ofício à Bahia, o português Matias Moreira denunciou à Inquisição o escravizado Francisco Manicongo, nascido no Reino do Congo e trazido ao Brasil à força para trabalhar como sapateiro em Salvador.

Segundo Matias, Manicongo se recusava a usar as roupas de seu dono, preferindo um “pano cingido” (uma veste feminina africana). Além disso, “tinha fama entre os negros que é somítigo [praticante de sodomia] e fazia o dito pecado com outros negros”. Francisco Manicongo foi denunciado pelo “pecado nefando” de homossexualidade passiva e de assumir o papel de mulher.

O acusado escapou de um processo inquisitorial mais extenso porque, na época da denúncia, tinha voltado a se vestir como homem. Desta forma, os registros sobre ele acabam por aí.

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O caso foi descoberto pelo antropólogo e historiador Luiz Mott em arquivos na Torre do Tombo, em Portugal. Nos anos 2000, ativistas LGBT renomearam essa figura histórica como Xica Manicongo, um nome mais condizente com sua identidade de gênero. Xica, considerada a primeira pessoa transsexual ou travesti do Brasil, se tornou um símbolo para o movimento de pessoas transgênero.

No Carnaval de 2025, a Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, no Rio de Janeiro, homenageou-a com o enredo “Quem Tem Medo de Xica Manicongo?”.

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Essa é apenas uma das histórias que marcam a atuação da Inquisição no Brasil; leia a reportagem completa sobre o tema aqui


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