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O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) divulgou nesta quarta-feira (19) que deflagrou a 4ª fase da operação "Libertas". O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de Uberlândia (Gaeco) cumpriu 3 mandados de busca e apreensão em 2 imóveis e em uma clínica médica.
A operação, que teve início em novembro de 2021, apura crimes cometidos por um grupo que seria comandado pela ex-vereadora Pâmela Volp, detida no Presídio Uberlândia I, desde a 1ª fase da operação.
Entre os delitos cometidos pela quadrilha estão: associação criminosa, exploração sexual, manutenção de casa de prostituição, roubo, lesão corporal, homicídio, constrangimento ilegal, ameaça, posse e porte de arma de fogo.
O g1 contatou a defesa de Pamela Volp e aguarda retorno.
Após a deflagração da 3ª fase da operação, o Gaeco identificou a existência de um Núcleo Médico, responsável por realizar implantes de próteses de silicone supostamente sem anestesia, em ambientes inóspitos, precários e sem qualquer critério adequado. Segundo o Gaeco, algumas travestis e trans alegaram sofrimento durante o procedimento.
A clínica usada para realizar procedimentos estéticos clandestinos e aonde foi cumprido um dos mandados de busca e apreensão fica na Avenida Francisco Sales, no Bairro Martins.
A TV Integração entrou em contato com a clínica, mas as ligações não foram atendidas. A emissora também procurou a assessoria de imprensa do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) e a Prefeitura de Uberlândia, para saber a situação da clínica junto à Vigilância Sanitária Municipal, mas a resposta ainda não foi enviada até a publicação deste texto.
No local, foram apreendidos prontuários médicos, vários documentos, dois aparelhos celulares e um HD. Na sequência, serão ouvidos os funcionários da clínica médica e analisado o material apreendido.
O Gaeco apurou que os procedimentos eram combinados mediante prévio ajuste com a ex-vereadora Pâmela Volp.
De acordo com a promotoria, a clínica chegou a ser alvo de fiscalização da Vigilância Sanitária e, na ocasião, foi interditada pelo fato de realizar procedimento de alto risco sanitário sem licenciamento.
Além da clínica de Uberlândia, os implantes clandestinos de silicone em travestis e mulheres trans também eram feitos em um consultório médico localizado na cidade de Taboão da Serra (SP). O local já foi alvo de investigações durante a 3ª fase da operação Libertas. A partir daí, a equipe de investigação constatou que o alvo da investigação passou a transportar documentos para outros imóveis, razão pela qual foi interposta medida cautelar, a fim de identificar todas as possíveis vítimas do médico.
A TV Integração entrou em contato com a clínica, mas as ligações não foram atendidas. A emissora também procurou a assessoria de imprensa do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais e a Prefeitura de Uberlândia, para saber a situação da clínica junto à Vigilância Sanitária Municipal, mas a resposta ainda não foi enviada até a publicação deste texto.
Suspeita de chefiar uma quadrilha há quase 30 anos na cidade, Pâmella Volp teve a 2ª prisão preventiva decretada, pelo crime de extorsão qualificada no dia 7 de dezembro do ano passado.
Com a nova prisão decretada, Pamela Volp já responde a 3 ações, com penas que atingem a máxima de 52 anos de reclusão.
A denúncia do MPMG apresentado ao juízo e acatada se refere à duas extorsões cometidas por Pamela Volp, nos dias 26 de agosto de 2020 e 8 de novembro de 2020, contra uma travesti na Avenida Professora Minervina Cândida de Oliveira.
Segundo informações do Gaeco, Volp dirigia o veículo GM Spin, apreendido durante a segunda fase da operação Libertas e reconhecido pela vítima.
Pamela Volp em foto de arquivo de 2019 — Foto: Reprodução/Facebook
Durante a Operação "Caraxué", da Polícia Federal, desencadeada em outubro de 2006, foram presas 9 pessoas em Uberlândia, Florianópolis (SC) e Franca (SP). Na ação, a polícia encontrou 12 travestis que se prostituíam em uma casa de Volp no Bairro Chácaras Tubalina.
Em 2014, a ex-vereadora foi condenada, junto a outras 6 pessoas, pela Justiça Federal por envolvimento com o tráfico internacional de pessoas. Conforme a decisão, o esquema envolvia o "comércio" de travestis e mulheres para países como a Itália e a Espanha.
Na época, Volp e outras 2 pessoas foram apontadas pela Justiça como chefes do esquema e foram condenadas a cumprir a pena em regime fechado. Além disso, 4 pessoas tiveram penas entre 6 e sete 7 no regime semiaberto. No entanto, a ex-vereadora recorreu da decisão e o caso foi para segunda instância.
No julgamento em segunda instância, ela foi absolvida pelos crimes de tráfico de pessoas e rufianismo - quando a pessoa toma vantagem da prostituição alheia. Porém, Pamela foi condenada pela pena mínima pelo crime de favorecimento à prostituição.
Volp ainda teve o nome ligado na Operação “Má Impressão”, desencadeada pelo Gaeco em 2019, que apurou um esquema de desvio de verbas indenizatórias por meio da contratação de serviços gráficos. Em 2020, ela teve o mandato cassado na Câmara Municipal de Uberlândia.