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A confusão ocorreu na quarta-feira (9), na Escola Estadual Galdino Pinheiro Franco. Um vídeo que mostra o momento da briga viralizou nas redes sociais (assista acima) e mostra uma jovem transexual de 16 anos bastante exaltada, chutando carteiras, e também a mesma adolescente sendo agredida.
Esta reportagem traz informações sobre os seguintes pontos:
- O que se sabe até agora?
- O que dizem as versões?
- O que falta saber?
Aluna trans é chamada pelo pronome masculino, joga carteira e tem início briga generalizada em escola de Mogi — Foto: Reprodução/Redes sociais
1. O que se sabe até agora?
- Na quarta-feira (9), a Escola Estadual Galdino Pinheiro Franco, em Mogi das Cruzes registrou um episódio de agressão generalizada envolvendo uma adolescente transexual, de 16 anos;
- Vários alunos se envolveram e o caso ganhou forte repercussão nas redes sociais;
- O episódio é investigado pelo 2º Distrito Policial da cidade.
2. O que dizem as versões?
O primeiro boletim de ocorrência, registrado pela aluna na companhia da mãe nesta quinta-feira (10) começa com a informação de que a estudante foi agredida por ser transexual. Porém, no depoimento, a jovem detalha que estava na sala de aula com uma amiga, que é negra, quando meninos da sala começaram a jogar bolachas e fazer piadas racistas com a amiga, que teria sido chamada de "cabelo duro".
A aluna trans afirma que pediu que parassem. Eles continuaram e ainda jogaram um copo com água, que a atingiu o rosto da jovem trans. Em seguida, os adolescentes teriam se levantado e ido para cima dela, tentando agredir. A menina diz que se defendeu, juntamente de suas amigas e professores, que ajudaram, mas que acabou machucando sete pessoas enquanto corria dos socos e chutes.
Um segundo boletim de ocorrência, registrado pelas diretora e vice-diretora da escola também nesta quinta, afirma que a adolescente estava extremamente nervosa e que passou a desferir pontapés nas portas das salas, arremessando carteiras e cadeiras em alunos e atingindo alguns deles.
O ato teria causado uma briga generalizada, que envolveu vários estudantes. Ainda de acordo com o depoimento, depois de ser acalmada, a jovem teria dito que havia sido agredida, mas que não foi por homofobia ou transfobia.
A menina teria explicado, detalham as diretoras, que alguém teria jogado uma garrafa de água e bolachas em seu rosto na segunda-feira (7), dois dias antes da confusão. Ela se sentiu desrespeitada e, na quarta (9), se exaltou.
No mesmo boletim, registrado pelas funcionárias da escola, um policial militar que acompanhou o caso foi testemunha e, de acordo com o documento, o PM relatou que "ainda na sala da direção, perguntou para Bárbara se o entrevero ocorreu devido a sua "preferência sexual".
A aluna trans teria respondido que é respeitada por todos na escola, segundo o relato do policial, foi enfática em afirmar que a confusão não ocorreu por causa de sua "preferência sexual".
- O que motivou a agressão?
No primeiro boletim de ocorrência, a informação é de que a confusão começou por transfobia, mas a estudante também diz que foi agredida depois de defender uma amiga vítima de racismo.
Já no segundo, as diretoras da escola e um policial militar destacam que a estudante teria sido enfática em dizer que o caso não foi motivado por preconceito.
- Houve outra confusão antes do episódio de quarta-feira (9)?
As diretoras afirmam ter ouvido da aluna que ela estava estressada por causa de um episódio ocorrido dois dias antes.
Questionado sobre as diferentes versões apresentadas, o advogado Carlos Alexandre Goncalves afirmou que na quinta-feira (10) “a adolescente prestou esclarecimentos ao delegado e reafirmou o ocorrido, pois já vinha sofrendo constrangimento no âmbito escolar em decorrência de ser uma menina transexual”.
O advogado ainda afirmou que “a direção da escola tinha conhecimento desses fatos e nada fez para impedir.
A Secretaria de Educação do Estado disse que assim que soube, começou a atender a aluna pelo programa Conviva.