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No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás somente do câncer de pele não melanoma. Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo de câncer mais comum. Daí a importância de realizar, de forma rotineira, os exames para detectar a doença. A medida preventiva vale, inclusive, para mulheres transexuais e travestis, grupo que também precisa ficar atento aos riscos do câncer.
A próstata é uma glândula localizada na frente do reto, abaixo da bexiga, envolvendo a parte superior da uretra, canal por onde passa a urina. A função principal da próstata é produzir um líquido que compõe parte do sêmen, que nutre e protege os espermatozoides.
Segundo o Ministério da Saúde, a doença é confirmada após fazer uma bípsia. Ela é indicada ao encontrar alguma alteração no exame de sangue PSA (antígeno prostático específico) ou no toque retal, que são prescritos somente a partir da suspeita de um caso por um médico especialista.
O urologista Guilherme Valente, da Rede Mater Dei, reforça a necessidade de que mulheres trans e travestis com próstata também realizem o acompanhamento, cuidado e rastreamento adequados. “A conversa com o médico deve ser vista como algo natural, assim como ir ao dentista ou cardiologista. E é essencial que esse cuidado aconteça em um ambiente acolhedor e livre de tabus”, ressalta.
Medo e preconceito
Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, a dificuldade de acesso a profissionais capacitados e a falta de medicação na rede pública agrava a saúde de pessoas da comunidade. Além da falta de representatividade e invisibilidade nas campanhas de conscientização, que faz também com que pessoas trans não procurem ou não saibam da necessidade da prevenção.
O urologista Renato Corradi, também da Rede Mater Dei, aponta que o preconceito pode ser uma das barreiras que atrapalham a busca de mulheres trans e travestis por atendimento. “O medo de acharem que não serão bem atendidas, além do fato de serem mulheres e ter um receio de consultar com um urologista homem, pode trazer essa estranheza também”, conta.
Ele ressalta ainda a importância do acesso à informação, a pessoa que possui próstata, corre o risco de ter a doença, inclusive mulheres trans que tenham realizado a cirurgia de redesignação sexual. “Alguns estudos já mostraram que o uso do hormônio, pode diminuir a chance do câncer de próstata, mas não existe outro estudo que dê essa segurança. E apesar de poder diminuir o risco, caso a pessoa tenha o câncer, pode aumentar a chance de ser mais agressivo”, explica.
O médico evidencia a relevância do tema. “É a primeira vez que o assunto foi abordado comigo e eu acho que é importante discutir, além de chamar atenção para o assunto nas próximas campanhas”, conclui.
Mais sobre a doença
Apesar da alta incidência, quando detectada precocemente, a doença tem mais de 90% de chances de cura. O câncer de próstata, na maioria dos casos, cresce de forma lenta e não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem. Em outros casos, pode crescer rapidamente, se espalhar para outros órgãos e causar a morte.
O risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez pessoas diagnosticadas com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos. O histórico familiar também pode influenciar, pessoas cujo pai ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos devem se atentar.
Sinais e sintomas
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas, mas é importante ficar atento aos sinais. Veja quais são:
- Dificuldade de urinar;
- Demora em começar e terminar de urinar;
- Sangue na urina;
- Diminuição do jato de urina;
- Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
Ainda de acordo com o Inca, esses sinais e sintomas também ocorrem devido a doenças benignas da próstata. Por isso a importância de buscar um profissional para detectar as causas e iniciar o tratamento de forma precoce para evitar complicações.
* Estagiária sob supervisão de Carla Chein


