No Dia da Mulher, empresária trans do ramo de rastreamento de veículos fala sobre aceitação: 'Cheguei a pensar que perderia alguns clientes' - Globo.com

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Victória Pinheiro passou pela transição há um ano e meio e afirma que não sofreu preconceito no trabalho. Ela conta que esta foi mais uma etapa em um longo caminho de reconhecimento.

Empresária avalia que vive A melhor fase da sua vida — Foto: Victoria Martins Pinheiro/Arquivo Pessoal

Empresária do ramo de sistema de segurança e logística para rastreamento de veículos de frota em Mogi das Cruzes, Victória Martins Pinheiro de 35 anos trabalha numa área majoritariamente masculina.

Sócia do irmão, quando começou no ramo exibia um corpo masculino, mas há um ano e meio passou pelo processo de transição para finalmente ter um corpo que se identificasse com sua alma. A empresária relata que não sofreu preconceito na vida profissional e acredita que a pandemia, neste caso, ajudou.

“Lido com donos de empresas e gerentes de frotas. A aceitação foi tranquila. Mas na pandemia comuniquei pelo whats. Depois começamos a ter reuniões virtuais e presenciais e fui informando sobre a transição. Não fui alvo de preconceito tanto de cliente como de pessoas que trabalham comigo. Eu cheguei a pensar que perderia alguns clientes frotistas, mas graças a Deus não aconteceu.”

Victória também destaca que foi acolhida na família. No entanto, ela enfrentou algumas dificuldades.

“Mais no comércio e na vida social senti o preconceito. Se confundia muito o gênero. Enxergo como falta de conhecimento, as pessoas não entendem e precisam entender a transexualidade. As pessoas têm falta de conhecimento, mas existe sim uma porcentagem de preconceito.”

Até se reconhecer dentro da mulheridade, Victória percorreu um longo caminho. “Desde criança eu tinha indícios que mostravam que era para eu ser uma mulher trans. Eu não gostava de brinquedos masculinos. Eu era uma criança que não brincava. Os brinquedos não pertenciam ao meu gênero. A postura, o jeito de falar e gesticular era de uma menina. Eu lembro de amizades da família que tinham meninas e eu gostava de brinquedos de menina”, conta Victória.

Em 2015, ela destaca que se identificou como homossexual por ter sempre se sentido mulher e achava que esse sentimento era do mundo gay. Depois do expediente na empresa, Victória lembra que chegava em casa e tirava a roupa social masculina e vestia roupas femininas.

“Me sentia em paz. Ali foi um indício grande de algo acontecendo que eu não entendia. Mas era algo forte para eu passar pela transição. A minha mãe percebeu por causa das roupas, apesar de eu sempre morar sozinha, e descobriu que eu usava roupas femininas. E então, ela me deu um livro espírita que fala sobre transexualidade.”

Quando terminou de ler “Transexualidades sob a ótica do espírito normal” de Andrei Moreira, Victória passou a entender mais o que acontecia com ela. Outro auxílio para entender o processo pelo qual passava foi conversar com um amigo que é um homem trans.

Desde que começou a transição, a empresária tem o apoio e orientação de um psiquiatra e um psicólogo. Isso tem ajudado Victoria a se fortalecer cada vez mais. “Tinha dificuldade de lidar com as pessoas. Era eu mesma que tinha medo de sair na rua, medo das pessoas terem preconceito.”

Além do tratamento hormonal, ela colocou próteses de silicone nos seios, fez lipo no abdômen e enchimento nos glúteos. Mas não pretende fazer a cirurgia de redesignação.

“Graças a Deus estou vivendo como sempre quis viver. Estou em paz e vivendo o melhor momento da minha vida. Pretendo ter um relacionamento sério e adotar filhos”, deseja Victória.

Ao olhar por todo o caminho, a empresária se sente mais fortalecida e observa que a etapa difícil do medo da aceitação da sociedade já passou e hoje consegue sair e viver plenamente.

“Eu não sabia o que era paz e hoje sei o que é paz. Esse sentimento veio a tona.”

Saiba mais sobre mulher Cis, Trans e Travesti

Em entrevista ao g1, a influencer Alina Durso explica que uma pessoa cis gênero é aquela que se identifica com as características biológicas que nasceu. Já as que não se identificam são trans gêneros.

Heliodoro aponta que por muito tempo as pessoas acreditaram que a mulher trans era a “mulher operada”. E travesti era a “pessoa que não operou” e se parecia mais com homem. Para a historiadora e comunicadora, esse pensamento é extremamente errôneo e abominável hoje em dia. Ela destaca que atualmente se entende que nada tem a ver com cirurgia ou com o que é mais feminino.

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