Mulher que matou companheiro com golpe de faca vai responder processo em liberdade em MS - G1

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Suspeita, que é transexual, não poderá mudar da cidade sem avisar o juiz e deverá comparecer em juízo sempre que solicitada.

Mulher que matou companheiro com golpe de faca vai responder processo em liberdade. — Foto: Reprodução

A Justiça concedeu liberdade provisória a Carla Ramires, de 49 anos, presa em flagrante após matar o companheiro Igor da Silva Bezerra, de 20 anos. O crime aconteceu na última terça-feira (23), em Rio Brilhante (MS), e ela alegou legítima defesa. Apesar de responder ao processo distante do presídio, a suspeita, que é transexual, fica proibida de mudar de endereço sem comunicar ao juiz.

Conforme as informações do boletim de ocorrência, o crime aconteceu por volta das 13h no prolongamento da Avenida Benjamin Constant, saída para Dourados. Após uma discussão, Carla atingiu o peito do companheiro com uma faca.

Quando a Polícia Militar chegou ao local, ela estava desesperada tentando socorrer o jovem. Na delegacia, ela confessou o crime e disse que as brigas entre eles eram constantes. Carla contou ainda ter sido ameaçada de morte pelo rapaz antes de conseguir desarmá-lo.

Transexualidade e preconceito

Em depoimento ao delegado Alexandre Neves da Silva Júnior, Carla expôs o porquê de nunca ter procurado a polícia para registrar boletim de ocorrência contra o companheiro.

Com nome de batismo José Carlos Marques Ramirez, ela sempre se reconheceu como mulher e assim era tratada entre os parentes, mas na escola e em outros locais a situação era outra. Ela diz ter sofrido preconceito por ser transexual.

"Tinha problema de discriminação. O povo tacava pedra, essas coisas todas”, resumiu ao explicar o porquê de ter abandonado os estudos quando ainda era criança.

Habituada a sofrer preconceito, Carla parece não ter estranhado quando o companheiro agiu com violência pela primeira vez. Carla relatou ter sido incentivada pelos vizinhos a denunciar as agressões, mas não teve muita coragem de pedir ajuda.

“O vizinho falava: Carla vai na delegacia registrar uma queixa, mas eu pensava que ia sair na rádio uma transexual, uma travesti. O pessoal discrimina aí eu ficava aguentando, aguentando”, disse.

Apontando para diversos ferimentos do corpo, segundo ela, causados pelo jovem, ela lembrou da vez em que ligou para a Polícia Militar. “Sabe o que ele falou pra mim? Dona, a gente não pode socorrer a senhora porque não tem João da Penha. Só tem lei Maria da Penha”.

Durante o depoimento Carla não tinha certeza se Igor estava ou não morto e interrompeu o delegado ao menos duas vezes para saber sobre o estado dele. Ela demonstrou surpresa ao saber que o jovem não tinha resistido ao ferimento. “Até agora não acredito que matei meu marido”, lamentou.

Carla contou que o relacionamento com Igor teve início há 6 ou 7 anos, ou seja, quando o rapaz ainda era adolescente e isto será alvo de investigação da polícia. Por lei, manter relações sexuais com menores de 14 anos é considerado estupro de vulnerável. “Temos essa informação, mas ainda não foi confirmada. Tudo vai ser apurado”, enfatizou o delegado.

Neves explicou que Carla foi indiciada por lesão corporal seguida de morte e não por homicídio, segundo “todo o contexto e as informações colhidas no local”.

Em imagens feitas na área do crime é possível ver a tentativa da mulher em acordar o marido. Ela também chamou a polícia e acionou socorro.

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