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A 4ª Marcha Trans e Travesti ocupou os Arcos da Lapa ao longo deste sábado, no Centro do Rio, com atividades culturais e oferta de serviços para a população trans. Com o tema “Independência, Não Morte”, o ato tratou da violência contra pessoas trans e travestis no país, citada por entidades como a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Coordenador da Marcha e diretor da Liga Transmasculina, Gab Van afirmou que o evento buscou destacar a necessidade de recursos para organizações do setor. Ele mencionou dados do dossiê “Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2024”, da Antra, segundo o qual a expectativa de vida dessa população é de 35 anos. O levantamento indica média de 32 anos entre vítimas de assassinato registradas em 2024, com predominância de pessoas negras e jovens.
— O Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. Os nossos corpos seguem sendo alvo da extrema-direita que nega a nossa existência. Quando a gente fala de independência ou morte, tema da Parada desse ano, a gente fala de reivindicação de recursos para as organizações trans fazerem a luta por direitos. A gente fala de emprego e renda para a nossa população poder existir. Viver e não apenas sobreviver — afirmou Van.
Segundo ele, o ato reforça a discussão sobre participação de pessoas trans em diferentes setores da sociedade:
— A Marcha Trans e Travesti é um movimento social de rua que vem denunciar por que os corpos trans e travestis não estão inseridos na sociedade.
O Núcleo da Diversidade Sexual da Defensoria Pública ofereceu atendimento para retificação de nome civil. A Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com o Ambulatório Trans do Hospital Universitário Pedro Ernesto, realizou testagem rápida para ISTs e vacinação contra sarampo, hepatite e gripe.
O governo estadual, por meio do núcleo Empoderadas, promoveu ações de cuidado pessoal, como corte de cabelo e maquiagem. Já a Coordenadoria da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio e o programa Rio Sem LGBTIphobia fizeram cadastro de currículos, encaminhamento para vagas de emprego e orientações sobre legislação.
— A marcha tem um papel agregador. Em muitos territórios, ainda é muito difícil o acesso a direitos. Aqui estamos oferecendo serviços gratuitos como o de retificação do nome. Fazemos isso honrando nossos ancestrais que deixaram esse plano sem alcançar o direito fundamental ao nome de identificação no registro civil — disse Van.
Karyn Cruz, que buscou retificação civil, afirmou:
— A marcha é muito importante por gerar acesso a serviços e por dar visibilidade à nossa pauta. São espaços como estes que nos proporcionam protagonismo e afirmam e reafirmam nossa inserção na sociedade.
A programação começou com uma roda conduzida por representantes de terreiros. Ao longo da tarde, DJs, cantores e dançarinos se apresentaram com funk, pop, rap e trap. À noite, uma disputa de ballroom inspirada na cultura do voguing encerrou o evento nos Arcos da Lapa.


