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Em seu último diálogo antes de ser assassinado, o influenciador conservador Charlie Kirk travava um debate sobre ataques a tiros nos EUA. Interpelado por uma pessoa da plateia no campus da Universidade Utah Valley, Kirk se preparava para responder a uma pergunta sobre o envolvimento de pessoas trans em eventos de violência armada com múltiplas vítimas, quando foi alvejado no pescoço.
O chefe da Turning Point USA, principal organização conservadora juvenil dos EUA — e figura próxima ao presidente americano, Donald Trump — estava na universidade em Utah na primeira parada do chamado "America Comeback Tour", um ciclo de eventos que pretendia realizar em instituições de ensino superior, debatendo em praça pública. Kirk era conhecido por ir até ambientes acadêmicos para expor suas ideias e ser confrontado.
Pouco antes do debate em Utah ser encerrado abruptamente, uma pessoa da plateia pediu a palavra e se dirigiu ao influenciador, levantando o tema dos atiradores transgênero. O assunto ganhou peso no debate público americano desde que as autoridades concluíram que o atirador que abriu fogo contra uma escola católica em Minneapolis, em agosto, era um jovem mulhers trans.
A imprensa americana noticiou a identidade da atiradora depois que o Departamento de Justiça dos EUA abriu consultas para proibir ou restringir a compra de armas de fogo por pessoas que passaram por processos de transição de gênero — uma medida que irritou associações e parlamentares pró-armas, e que não foi imediatamente confirmada pela Casa Branca.
— Você sabe quantos americanos transgênero realizaram ataques a tiro em massa nos últimos 10 anos? — perguntou um ouvinte.
O influenciador arrancou aplausos da parte da plateia favorável à sua agenda, quando respondeu apenas que "muitos". A palavra voltou para o membro da plateia, que retrucou.
— Cinco — disse em resposta à própria pergunta. — Agora, cinco é muito, certo? Vou te dar algum crédito. [Mas] Você sabe quantos atiradores em massa houve nos Estados Unidos nos últimos 10 anos?
Influenciador conservador Charlie Kirk é morto durante palestra em universidade dos EUA
Recostando-se na cadeira sobre o palco, Kirk devolveu com uma pergunta: "Contando ou não a violência de gangues?". Ao baixar o microfone, o som de um disparo cortou o ambiente, e o influenciador caiu ao ser atingido no pescoço. Ele foi socorrido, mas não resistiu ao ferimento.
A morte do influenciador foi lamentada por políticos de todo o espectro político nos EUA, que também condenaram a violência. O presidente Donald Trump classificou o caso como um crime "politicamente motivado", e culpou a "extrema esquerda" pela morte de Kirk. Muitos mostraram estarrecimento com o fato do influenciador ter sido morto enquanto respondia sobre violência armada.
— A primeira pergunta foi sobre religião. Ele continuou por cerca de 15 a 20 minutos. A segunda pergunta, curiosamente, foi sobre atiradores transgêneros, atiradores em massa, e no meio disso, o tiro foi disparado — disse o ex-deputado de Utah Jason Chaffetz, que estava no comício, em entrevista à rede americana Fox News.
'Custo' de mortes por arma de fogo
A agenda conservadora defendida por Kirk e seus seguidores incluía uma série de pontos polêmicos, desde pautas como controle da imigração à influência direta da Igreja no Estado. O influenciador era também um grande defensor do armamentismo, chegando a argumentar que as mortes por arma de fogo no país eram o preço a se pagar pelo direito de "se defender contra um governo tirânico".
— Acho que vale a pena arcar com o custo de algumas mortes por armas de fogo todos os anos, infelizmente, para que possamos ter a Segunda Emenda para proteger nossos outros direitos concedidos por Deus — disse Kirk em um evento realizado em 2023 pela TPUSA Faith, uma divisão da Turning Point USA.
Ele afirmou que seria impossível evitar mortes por armas de fogo em uma sociedade com cidadãos armados, mas acreditava que os benefícios do direito ao porte de armas superavam os custos, e que a maneira de reduzir a violência armada era colocar armas nas mãos de mais americanos.
— Se nosso dinheiro, nossos eventos esportivos e nossos aviões têm guardas armados, por que nossas crianças não têm? — questionou no evento em 2023. (Com NYT e AFP)