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Former Brazilian judge and Justice Minister Sergio Moro speaks during an event to announce his affiliation to the PODEMOS party in Brasilia, on November 10, 2021. - Brazil's former judge Sergio Moro, an icon of the Lava Jato anti-corruption mega-operation that led to the imprisonment of former president Lula (2003-2010), joined a centrist party on Wednesday with a view to participating in the 2022 elections. (Photo by EVARISTO SA / AFP) (Photo by EVARISTO SA/AFP via Getty Images)
Grupo de militares se entusiasmou com a união entre Sergio Moro e o general Santos Cruz
Integrantes das Forças Armadas se reúnem pelo WhatsApp para definir apoio ao ex-ministro
Ala militar se decepcionou com Bolsonaro, mas não quer volta de Lula
O apoio das Forças Armadas a Jair Bolsonaro em 2022 pode rachar com a união entre o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ambos recém-filiados ao Podemos.
Militares conservadores desapontados com o atual presidente se reúne em um grupo de WhatsApp batizado "3V" - acrônimo ao estilo militar para a "terceira via" eleitoral.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o "3V" reúne oito nomes conhecidos nas Forças Armadas, quase todos oficiais de alta patente da reserva. Entre eles, há um coronel verde-oliva da ativa.
As restrições da pandemia de covid-19 impediram muitos encontros presenciais - somente três ocorreram em apartamentos de generais no Plano Piloto, em Brasília.
Os militares acompanham os passos de Moro e acham que ele pode atender aos objetivos do grupo: impedir a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atualmente líder em pesquisas de intenção de voto, sem precisar apoiar a extrema-direita representada por Bolsonaro.
"A terceira via é uma boa solução para o impasse que vivemos. Há um medo grande da volta do PT, da esquerda", disse a O Estado de S. Paulo o general de Exército da reserva Paulo Chagas, decepcionado com Bolsonaro, a quem apoiou em 2018. "Vejo muitos militares que concordam que Bolsonaro foi uma decepção, preferiu reimplantar o presidencialismo de coalizão. A essência política não mudou nada."
Além de Santos Cruz e Paulo Chagas, integram o "3V" o general Maynard de Santa Rosa, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, o general Lauro Luís Pires da Silva, o coronel Walter Felix Cardoso, ambos ex-assessores da SAE. Outro rosto conhecido é o general Marco Aurélio Costa Vieira. Ex-secretário nacional do Esporte, demitido no início do governo Bolsonaro, o general Marco Aurélio é ligado ao ex-comandante-geral do Exército, general Eduardo Villas Bôas - ele dirige o instituto que leva o nome de Villas Bôas. Todos são do Exército. Pela Marinha, participa o capitão de Mar e Guerra dos Fuzileiros Navais Álvaro José Teles Pacheco, conhecido como comandante Pachequinho.
Santos Cruz filiou-se ao diretório do Podemos no Distrito Federal, mas a direção ainda vai decidir se o transfere ao Rio, conforme conveniências eleitorais. O partido deseja que ele seja candidato a senador, embora especule-se que possa inclusive ser candidato a vice-presidente na chapa de Moro, caso a campanha falhe em preencher esse espaço com um nome de outro partido aliado.
Horas depois da cerimônia, Moro e Santos Cruz almoçaram com o general Otávio Santana do Rego Barros, ex-porta-voz de Bolsonaro e do Centro de Comunicação Social do Exército, também escanteado pelo governo e hoje um crítico dos desmandos bolsonaristas. Pelo menos mais um general do grupo "3V" está a caminho do Podemos, Paulo Chagas.
Outro entusiasta de Moro é o general Guilherme Theophilo, que trabalhou como secretário nacional de Segurança Pública no governo Bolsonaro, quando Moro era o ministro da Justiça e Segurança Pública. Ex-PSDB, partido pelo qual concorreu ao governo do Ceará em 2018, Theophilo está filiado ao Podemos e foi ao lançamento da pré-candidatura de Moro.
Um oficial da Marinha confirmou a O Estado de S. Paulo que no generalato da ativa, das três Forças, há conversas frequentes sobre a entrada de Moro na campanha e que ele pode ser uma alternativa a Bolsonaro no primeiro turno. O que mais os atrai é o histórico do ex-juiz, a imagem de "herói" prendendo a cúpula política e empresarial. Ele é visto como alguém de "coragem" que tentou levar adiante a agenda contra a impunidade, o que segundo esse oficial agrada muito ao meio militar. No segundo turno, seja Moro seja Bolsonaro, eles votam em quem for a opção para derrotar Lula.