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O curta-metragem ‘São Marino’ ainda não foi lançado, mas já causa polêmica. A obra – que será narrada pelo Padre Júlio Lancellotti – conta a história de Santa Marina, o Monge, uma das figuras veneradas pela Igreja Católica.
O filme, dirigido por Leide Jacob, dá uma nova abordagem para a figura histórica de Marina e coloca a personagem como um homem trans.
Manuscrito medieval mostra Eugênio, pai de Marino, entregando sua prole para monastério católico
Marina nasceu como mulher no Império Bizantino e, muito jovem, foi enviada para um monastério para viver como monge, antes reservado apenas para homens.
Adotando o nome de Marinho, o monge viveu de forma ascética e religiosa durante toda sua vida, mas chegou a ser acusado de engravidar uma moça. Marina assumiu a culpa pelo ato e foi expulsa do mosteiro. Anos depois, faleceu vivendo como pedinte. Os monges que fizeram seu funeral, então, perceberam que ela tinha genitais femininos.
A ideia da obra ‘São Marino’ é tentar respeitar o gênero pelo qual Marinho se identificava, afinal, viveu e morreu como homem.
“A gente retrata o Marino como santo trans. A igreja não reconhece a identidade dele como homem, por isso, o tratam no feminino. Nosso filme resgata essa vivência e o apresenta como santo trans. E não santa”, afirma. “Para nós, ele é ele. E não ela”, disse Leide em entrevista à Mônica Bergamo.
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Igreja reage
Em nota, a Arquidiocese de São Paulo repudiou a obra e negou que a transexualidade fosse um fato para Santa Marina. A Igreja ainda valorizou a “virgindade” desta figura que viveu há 1500 anos no Líbano, cuja história carece de fontes primárias.
Filme, que conta com participação de Padre Júlio Lancellotti, questiona história oficial da Igreja Católica
“A história dos santos católicos deve ser melhor conhecida, e não pode ser interpretada à luz de ideologias que em nada correspondem com o contexto em que viveram, tampouco com os valores e virtudes por eles testemunhados ao longo de suas vidas”, afirma a circunscrição eclesiástica.
“Um grande exemplo de sua alma virtuosa é percebido quando a Santa foi falsamente acusada de ter engravidado uma jovem. Podendo defender-se, revelando que, na verdade, era uma mulher, ela silenciou, suportando a provação da calúnia e humilhações, unindo as aos sofrimentos de Cristo”, conclui a instituição religiosa.
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