Em discurso na Sapucaí, Erika Hilton protesta: ‘O Brasil tem as mãos sujas com sangue de travesti’

7 months ago 155
ARTICLE AD BOX

Erika Hilton participou do ensaio técnico do Paraíso do Tuiuti, realizado na Sapucaí, nesta última sexta-feira (22), e aproveitou para realçar a importância do samba enredo escolhido pela agremiação: a história de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti brasileira.

Ao receber o microfone para discursar na Avenida, Erika começou: "Alô, alô Sapucaí, olha a Tuiuti aí, gente. Essa noite na Avenida com esse samba corajoso, emponderado, resgatando a memória de Xica Manicongo, a nossa ancestral no primeiro país do mundo que ainda matam mulheres como Xica Manicongo. A Tuiuti entra na Sapucaí do Carnaval de 2025 para dizer que o amor, a esperança, a cultura, a alegria, o canto, a dança vai vencer o ódio".

"Parabéns por levar a história de Xica Manicongo! O Brasil tem a mão suja de sangue de travestis e transexuais que morrem todos os dias nesse país. Mas a escola com a bateira, sua Rainha, que é um patrimônio nacional, com as suas alas vai entrar levando esperança, garra, coragem, resistência", continuou.

"Vamos receber de coração aberto a Tuiuti com Xica Manicongo e dizendo: 'Basta de ódio. Basta de violência, basta de preconteito. Viva a comunidade LGBT. Viva as travestis. Viva o Carnaval. Viva a cultura. E viva o povo brasileiro, axé", finalizou.

Veja o discurso completo:

Em discurso na Sapucaí, Erika Hilton protesta

Em discurso na Sapucaí, Erika Hilton protesta

Xica Manicongo é considerada a primeira pessoa negra e trans registrada no Brasil. Escravizada no século XVI, Xica foi trazida de Angola para Salvador, onde trabalhava como escrava doméstica. Durante a época colonial, foi denunciada e perseguida pela Inquisição por se vestir com roupas femininas e por ser acusada de manter relações homoafetivas, algo condenado pela moral e religião da época. Seu caso se tornou um dos primeiros registros históricos de perseguição a pessoas trans e LGBTQ+ no país.

Embora existam poucos detalhes sobre sua vida, Xica Manicongo representa um símbolo importante de resistência e identidade de gênero no período colonial. Sua história destaca a interseção entre racismo, transfobia e opressão religiosa, reforçando como corpos dissidentes eram violentamente reprimidos no Brasil escravocrata. Hoje, Xica é lembrada como uma figura fundamental na luta pelos direitos da população negra e LGBTQ+, sendo reconhecida por movimentos sociais como um ícone de força e resiliência.

Leia o artigo inteiro
LEFT SIDEBAR AD

Hidden in mobile, Best for skyscrapers.