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Nos últimos anos, temos testemunhado um crescimento notável na presença de pessoas trans e travestis em espaços acadêmicos, com um número crescente de mulheres trans, travestis, homens trans, transmasculinidades e pessoas não-binárias alcançando o título de doutores, doutoras e doutories. Essa ascensão não é fruto do acaso, mas de uma resistência constante e incansável, enfrentando barreiras históricas e sociais que impõem a exclusão de pessoas trans no meio acadêmico.
O caminho para a academia nunca foi fácil para essas pessoas. Durante muito tempo, o espaço acadêmico foi fechado para as identidades trans e travestis, e quando se falava sobre o tema, muitas vezes se tratava de estigmatização, marginalização ou, no melhor dos casos, uma invisibilidade silenciosa. No entanto, nas últimas décadas, as lutas de resistência, a visibilidade crescente e o movimento por direitos humanos e sociais, especialmente por meio de ativistas e pensadoras trans, contribuíram para criar um cenário mais inclusivo e acolhedor.
A luta para ocupar espaços acadêmicos é multifacetada: envolve desde a desconstrução das normas cisnormativas, que ditam o que é ser "normal" na sociedade, até a construção de novas epistemologias, como a "transepistemologia", conceito que surge para entender as vivências trans e travestis e o conhecimento produzido a partir dessas experiências. Esses processos de resistência não apenas abrem portas para mais pessoas trans na academia, mas também para uma transformação profunda do próprio conhecimento produzido, desafiante das estruturas rígidas que há muito tempo dominaram os campos da ciência e das humanidades.
Esses avanços estão refletidos em números que não deixam dúvidas: há hoje mais doutores e doutoras trans do que nunca. É importante reconhecer que o simples fato de conquistar um doutorado não representa apenas uma vitória individual, mas também um símbolo de resistência coletiva. Cada pessoa que chega ao doutorado traz consigo não apenas o peso de sua formação acadêmica, mas também a história de desafios enfrentados, preconceitos superados e, muitas vezes, uma luta contra uma sociedade que ainda insiste em excluir suas identidades.
Conheça 50 Mulheres Trans, Travestis, Homens Trans, Transmasculinidades e Pessoas Não-Binárias Doutores, Doutoras e Doutories. Alguns com muita luta, chegaram antes do doutorado, o que complexifica imensamente essa caminhada, outras se tornaram durante o processo e ainda aquelas cujo a transição só pode ser segura depois do doutorado alcançado e nas mais diversas áreas do conhecimento:
- Amiel Vieira - Dr. em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva
- Amara Moira - Dra. em Teoria e História Literária (UNICAMP)
- Andreone Teles Medrado - Dra. em Psicologia Experimental (USP)
- Antonella Galindo - Dra. em Direito (UFPE)
- Ariel Kumagai Antunes Sampaio - Dra. em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva (INPA)
- Ale Mujica - Dr. em Saúde Coletiva (UFSC)
- Ariadne Ribeiro Ferreira - Dra. em Psiquiatria e Psicologia (UNIFESP)
- Bruno do Prado Alexandre - Dr. em História (UFGD)
- Brune Coelho Brandão - Dra. em Psicologia (UFJF)
- Carle Porcino - Psicóloga e Dra. em Enfermagem e Saúde (UFBA)
- Céu Cavalcanti - Dra. em Psicologia (UFRJ)
- Daniela Cardozo Mourão - Dra. em Engenharia e Tecnologia Espaciais (INPE)
- Dodi Tavares Borges Leal - Dra. em Psicologia Social (USP)
- Edu Cavadinha - Dr. em Ciências (Saúde Pública) pela USP
- Emily Quesada-Herrera - Dra. em Matemática (IMPA)
- Flor Maranhão - Dre. em História Social (USP)
- Gabrielle Weber Martins - Dra. em Física (USP)
- Geraldo Neves Pereira de Barros - Dr. em Serviço Social (UERJ)
- Itamar Iliuk - Dra. em Engenharia Elétrica (USP)
- Jaqueline Gomes de Jesus - Dra. em Psicologia Social (UnB)
- Jialu Pombo - Dr. em Psicologia Clínica (PUC-SP)
- Juh Círico - Dra. em Ciências Contábeis (UFU)
- Joyce Alves da Silva - Dra. em Educação (USP)
- Júlia Rosenthal - Dra. em Engenharia Elétrica (UFU)
- Juliano Bentes Nascimento - Dr. em Artes (UFPA)
- Keyla Simpson - Travesti e Dra. Honoris Causa (UERJ)
- Lauri Miranda Silva - Dra. em História (UFRGS)
- Leo Sampaio Ferraz Ribeiro - Dra. em Ciências da Computação (USP)
- Letícia Carolina Pereira do Nascimento - Dra. em Educação (UFPI)
- Lux Ferreira Lima - Dre. em Antropologia (USP)
- Lua Lamberti de Abreu - Dra. em Educação (UEM)
- Luma Nogueira de Andrade - Dra. em Educação (UFC)
- Martin Ignacio Torres Rodríguez - Dr. em Geografia (UEPG)
- Mariah Rafaela Cordeiro Gonzaga da Silva - Dra. em Comunicação (UFF)
- Megg Rayara Gomes de Oliveira - Dra. em Educação (UFPR)
- Mia Schezaro Ramos - Dra. em Farmacologia (UNICAMP)
- Rubi Iara - Dra. em Estudos Linguísticos
- Sarug Dagir Ribeiro - Dra. em Psicologia (UFMG)
- Sereno Repolês - Dr. em Saúde Pública (USP)
- Sil Nascimento - Dre. em Antropologia Social (USP)
- Sofia Favero - Dra. em Psicologia
- Tiago Ribeiro - Dr. em História das Ciências e da Saúde (Fiocruz)
- Vercio - Dr. em Estudos Literários
- Vicente Tchalian - Dr. em Estudos de Cultura Contemporânea (UFMT)
- Vini Ferreira - Dr. em Ciências (USP)
- Vivian Borgert - Dra. em Engenharia Mecânica e Médica
- Vivian Miranda - Dra. em Cosmologia (University of Chicago)
- Yasmin Rodrigues - Dra. em Literatura (UNB)
- Leilane Assumpcao *- Dra. em Ciências Sociais (UFRN)
- Fran Demétrio* - Dra. em Saúde Coletiva (UFBA)
A cada novo nome que surge, celebramos a luta, o esforço e a resistência dessas pessoas. Elas estão aqui para lembrar a todos que nós existimos e que estamos cada vez mais presentes nas universidades, nas ciências e em todos os espaços da sociedade. Parabéns a todas e todos!
PS: Agradeço imensamente a postagem de Juh Círico, que é uma mulher trans autista e doutora em Contabilidade que fez a postagem alcançar muitas visualizações e comentários de orgulho e cuidado.
*** In Memorian
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