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Dia 28 de Junho é o dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. No mês de junho também aconteceu a maior parada do orgulho e impulsiona outras cidades do estado de São Paulo a realizar também suas Paradas, Gritos e Feiras de Diversidade.
A origem dessa data vem de uma rebelião que aconteceu em Nova York no ano de 1969, onde no bar Stonewall Inn um grupo de pessoas resistiu e se rebelou contra a opressão e a violência policial.
No ano de 2021, tivemos pelo menos 140 (cento e quarenta) assassinatos de pessoas trans, sendo 135 (cento e trinta e cinco) travestis e mulheres transexuais, e 5 (cinco) casos de homens trans e pessoas trans masculinas. Esse dado não é governamental e está disponível no Dossiê Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) 2022.
O ano de 2021 registrou um aumento de 22% nos assassinatos de defensores de Direitos Humanos LGBTQIA+ no Brasil. Foram nove assassinatos, dois a mais que em 2020. Destes, oito eram pessoas negras, seis gays e quatro trans. Três ativistas atuavam em capitais e seis no interior do seu estado natal. Dois deles no campo na luta pela terra.
De uns anos para cá nos chama atenção a crescente atuação das LGBTQIA+ que atuam na defesa da reforma agrária e que têm se organizado no último período, sobretudo depois de 2015.
O Brasil não produz dados governamentais dessa violência contra essa população.
Desse modo, todos esses dados e pesquisas vêm de organizações da sociedade civil e financiadas por fundos internacionais. Algumas das principais pesquisas com dados mais concretos são feitas pela ABGLT, ANTRA e GGB (Grupo Gay da Bahia).
São Paulo, apesar de ter uma lei que pune administrativamente crime de homo e transfobia no estado, Lei 10.948/2001, essa lei é mal divulgada. Dessa forma, muitas vezes casos de violência contra essa população passa por crime comum. Na prática, a estatística não reproduzir os dados reais.
São Bernardo do Campo vê as outras cidades do ABC avançarem em políticas públicas. Mas retrocede no Legislativo quando a prioridade de alguns parlamentares é a discussão do banheiro unissex que refere a estruturas multigênero, livres ou neutras que podem ser utilizadas por qualquer pessoa, não apenas as do gênero masculino ou feminino.
A prefeitura dessa mesma cidade não produz nenhuma política pública efetiva. Pelo contrário: negligencia. A consequência é o assassinato constante das LGBTQIA+, como foi o caso da travesti “Ester”, assassinada e queimada um dia antes do seu aniversário. Lembrando: era uma pessoa em situação de rua.
Também lembramos das meninas Malévola e Ágatha, que em janeiro de 2020 foram violentadas por GCMs (Guardas Civis Municipais) na ocasião do Festival de Verão de São Bernardo do Campo. Elas não tiveram suas identidades de gênero respeitas, sendo revistadas por agentes masculinos, quando na verdade deveriam ser GCMs femininas, conforme o seu gênero.
Podemos ressaltar e listar diversas formas de violência. E lembrar que, no ano passado, São Bernardo liderava o registro de Crimes Contra a População LGBTQIA+ no Grande ABC, com 13 casos registrados.
Os números são da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Diadema, Mauá e Santo André produzem políticas de saúde para a população trans com ambulatórios, adaptação do serviço de Saúde e ampliação de vagas nos sistemas já existentes. São Bernardo, por outro lado, como dito acima, negligencia. Recentemente, outra travesti da cidade, Suzy, morreu assassinada. Preta e em situação de rua, ela foi mais uma vítima dessa negligência desse município e do estado de São Paulo,
E parece que esse show de horrores não vai acabar tão cedo em São Bernardo. Em uma escola da cidade, uma pintura de um casal gay foi apagada da parede do equipamento, em uma demonstração típica de preconceito e LGBTFobia.
Mesmo com essa cidade negando políticas públicas à nossa população, nós comemoramos o Dia do Orgulho Internacional LGBTQIA+ e resistimos todos os dias, não só neste 28 de junho.
Paulo Araújo é ativista LGBTQIA+ e preside a Casa Neon Cunha, que acolhe, orienta e capacita LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade e de rua