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Conheça a história de pessoas que passaram por obstáculos apenas para serem elas mesmas; no caso da mudança de nome, especialista explica que a burocracia é o principal obstáculo
Dia do Orgulho LGBTQIA+: maioria das pessoas trans não consegue mudar de nome no Brasil
No dia do Orgulho LGBTQIA+, um dado chama a atenção: o Brasil tem cerca de 3 milhões de pessoas transexual, mas por falta de apoio da família e da sociedade, muitas acabam na prostituição. A maioria morre cedo, sem nunca conseguir o básico: mudar de nome no cartório.
Essa violência atingiu a vida da maquiadora Isabela Barros, justamente quando ela contou ao pai que era uma pessoa trans.
Após o episódio de violência, ela foi para o orfanato e ficou dos 12 aos 18 anos.
A maquiadora Isabela Barros conta como foi contar para a família que era trans — Foto: TV Globo/Reprodução
Essa é uma história corriqueira no Brasil. Mulheres trans e travestis são expulsas de casa com 13 anos de idade, em média, segundo estimativas da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Cerca de 90% delas acabam recorrendo à prostituição como fonte de renda e a estimativa de vida está na casa dos 35 anos de idade.
A própria identidade dessas pessoas sempre foi muito negada. Apenas em 2018, por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, toda pessoa trans passou a ter o direito de retificar o nome e o gênero em cartório, sem precisar de ação na Justiça e sem exigência de ter feito qualquer cirurgia ou tratamento.
"A gente tem uma maioria da população trans, em torno de 65% segundo nossa estimativa, que não conseguiu ainda fazer a retificação porque os custos são muito altos e há um excesso de burocracia desestimulando a população trans", falou a secretária da Antra, Bruna Benevides.
Bruna Benevides, secretária da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) — Foto: TV Globo/Reprodução
Junior ao ladao da mãe: "Hoje vê-la me chamando de Junior é incrível" — Foto: TV Globo/Reprodução
Não é regra, é exceção, mas uma pessoa trans pode levar uma vida em que a identidade de gênero não faça diferença. Uma vida como a de qualquer um, com dificuldades, mas não dificuldades demais. Para isso, a variável fundamental está dentro de casa: a família.
No começo, a história do barbeiro Júnior de Lima se pareceu com a de muitas pessoas trans. "O meu pai foi bem complicado, a gente chegou a brigar", conta.
O pai morreu três anos depois e ele começou a fazer a transição com tratamento hormonal. Terminou a faculdade, fez um curso de barbeiro e hoje tem trabalho e casa. "A minha mãe falou, com essas palavras: 'se você quer, vai, você não vai deixar de ser meu filho'. Hoje a minha mãe me chamou de Júnior, cara, eu olho assim... é incrível, surreal".
Em São Paulo, a Casa Florescer acolhe pessoas trans e ajuda na conquista de sonhos. A maquiadora Isabela Barros revela que o sonho dela é ser feliz. "Eu quero ter o prazer de conseguir adotar uma criança e eu quero ser feliz. O meu maior sonho, desde quando eu me conheço por gente, é conseguir ser feliz".
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