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A última semana foi importantíssima para a MPB! Além das inúmeras premiações significativas no Grammy Latino 2022, ainda tivemos dois artistas brasileiros na lista dos indicados ao Grammy Awards – a mais importante premiação musical mundial (o”Oscar da Música”!) – e a primeira artista brasileira a levar uma estatueta no American Music Awards!
Sim! Muitos motivos para nos orgulhar! E nós vamos listar todas essas conquistas significativas da nossa música, agora, pra vocês!
Liniker é a primeira artista trans do Brasil a vencer um Grammy Latino | Foto: David Becker / Getty Images for The Latin Recording AcademyAFP.
Brasil no Grammy Latino 2022
No dia 17 de novembro, quinta-feira passada, aconteceu – em Las Vegas, nos Estados Unidos – a 23ª edição do Grammy Latino. O evento – que premiou os melhores trabalhos da música latina lançados entre 1º de junho de 2021 a 31 de maio de 2022 – já teve uma participação significativa para os brasileiros e brasileiras logo de cara: a Girl From Rio, Anitta, foi uma das apresentadoras da cerimônia, ao lado da mexicana Thalia, da italiana Laura Pausini e do porto-riquenho Luis Fonsi.
Além disso, Anitta concorreu em uma das categorias mais importantes da noite – Gravação do Ano – com o hit Envolver (composição dela em parceria com Julio M Gonzales Tavarez, Freddy Montalvoe e José Carlos Cruz), que também foi indicado a Melhor Performance de Reggaeton.
A artista – que ainda fez performance de algumas de suas canções e homenageou Gal Costa no palco do Grammy Latino – não saiu premiada. Mas… isso foi apenas neste evento… porque, aguardem os próximos parágrafos deste texto para entender o que esta mulher conquistou na música brasileira em outras premiações desta semana!
Anitta homenageando Gal Costa no #LatinGRAMMYs pic.twitter.com/tpOiMMao2n
— Anitta Media Lives | Fan Account (@anittamedialive) November 18, 2022
Liniker, Marisa Monte e Bala Desejo conquistam Grammy Latino 2022
Mesmo Anitta não levando seu gramofone latino para casa, vários artistas da MPB levaram prêmios importantíssimos nas categorias excepcionalmente brasileiras do Grammy Latino.
O mais significativo deles foi para Liniker, que tornou-se a primeira artista transgênero brasileira a vencer um Grammy na história. Seu álbum Índigo Borboleta Anil venceu a categoria de Melhor Álbum Brasileiro. Em um discurso forte e emocionado, a cantora e compositora paulista foi ovacionada ao destacar – falando em espanhol – a importância deste fato histórico para o nosso país.
Em 1969, a artista trans estadunidense Wendy Carlos levou um Grammy para casa – mas ela ainda usava o nome artístico de Walter Carlos, por medo de se apresentar como mulher, apesar de ter se identificado com o gênero feminino desde a infância. A primeira indicação da premiação a uma artista assumida publicamente como transexual aconteceu em 2019, com a escocesa Sophie concorrendo a Melhor Álbum de Dance e Eletrônica.
Liniker é a primeira artista transgênero brasileira a vencer um Grammy na história
No dia seguinte ao prêmio, Liniker lançou seu primeiro álbum ao vivo, referente ao show deste mesmo disco gravado em julho, na Concha Acústica, em Salvador.
Concorriam com ela nesta mesma categoria:
- Chico Chico (pelo álbum Pomares);
- João Donato e Jards Macalé (por Síntese do Lance);
- Ney Matogrosso (Nu com a Minha Música);
- Caetano Veloso (Meu Coco);
- e Marisa Monte (Portas).
Marisa Monte conquista Grammy Latino de Melhor Canção em Língua Portuguesa
Mas Marisa não saiu do evento sem seu gramofone: a cantora e compositora carioca conquistou o prêmio de Melhor Canção em Língua Portuguesa, com sua música em parceria com o uruguaio Jorge Drexler, Vento Sardo, sobre a qual já falamos aqui.
Outro brasileiro que levou uma das principais categorias da noite foi o instrumentista e compositor carioca Hamilton De Holanda, que venceu – com o disco Maxixe Samba – Groove o gramofone de Melhor Álbum Instrumental.
Nas outras categorias exclusivas para Língua Portuguesa, tivemos:
- Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa para Sim Sim Sim, de Bala Desejo (já assistiu o show completo da banda no Festival Novabrasil 2022?);
- Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa para O Futuro Pertence À… Jovem Guarda, de Erasmo Carlos;
- Melhor Álbum de Samba/Pagode para Numanice #2, de Ludmilla;
- Melhor Álbum de Música Sertaneja para Chitãozinho & Xororó Legado, de Chitãozinho & Xororó; e
- Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa para Senhora Estrada, de Alceu Valença.
Anitta faz história: Artista é a primeira brasileira a ganhar um American Music Awards
Mas – como dissemos há pouco – não foi só de Grammy Latino que a música brasileira se consagrou nesta semana!
Em cerimônia realizada ontem, dia 20 de novembro, em Los Angeles, nos Estados Unidos, Anitta entrou mais uma vez para a história, ao ser a primeira brasileira a vencer um American Music Awards, principal prêmio da música estadunidense.
A carioca levou o prêmio de Artista Feminina Latina, desbancando outras concorrentes de peso:
- a norte-americana de origem mexicana Becky G;
- a colombiana Karol G; a
- colombiana-americana Kali Uchis;
- e a espanhola Rosalía.
Anitta com sua estatueta do AMA | Foto: Getty Images via AFP
Anitta também concorre ao Grammy Awards
A consagração de Anitta – que também se apresentou na premiação – no American Music Awards nos faz acreditar ainda mais na grande possibilidade de a artista brasileira conquistar um Grammy Awards para o Brasil em 2023.
Sim! É isso mesmo! Como se não bastasse tudo isso, Anitta foi indicada como Artista Revelação na maior premiação da música mundial! Apesar de investir firmemente e com maestria em sua carreira internacional desde 2016 – a brasileira entrou para a categoria Revelação porque foi depois da explosão global do reggaeton Envolver, no primeiro semestre de 2022, que a Girl from Rio alcançou real visibilidade no universo pop internacional.
A indicação é uma conquista e tanto para Anitta. Pouquíssimos brasileiros já estiveram entre os indicados ao Grammy Awards.
Brasil no Grammy Awards ao longo dos anos
Primeiro foi a vez dos brasileiros que fizeram sucesso, principalmente com a Bossa Nova no exterior, como:
- Laurindo Almeida: O violonista e compositor do Vale do Ribeira recebeu 11 indicações e venceu o Grammy seis vezes, entre os anos 60 e 70. Ele faleceu em 1975, mas foi muito prestigiado fora do Brasil, tendo feito parte da orquestra da Carmen Miranda. Depois, se estabeleceu em Los Angeles e passou a ser um requisitado músico de estúdio, tendo gravado muitos discos e trilhas de filmes de Hollywood. Laurindo contribuiu muito para a difusão da Bossa Nova nos EUA.
- Astrud Gilberto: ganhou o Grammy Awards de Gravação do Ano, em 1965, com The Girl From Ipanema, versão em inglês para o clássico Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que ela cantou no álbum Getz/Gilberto, no qual João Gilberto (seu marido na época) fez parceria com o saxofonista de jazz norte-americano Stan Getz. Astrud foi indicada em mais duas categorias neste mesmo ano: Artista Revelação e Melhor Performance Vocal Feminina. E no ano seguinte, ainda levou uma indicação de Performance Vocal Feminina pelo disco The Astrud Gilberto Album.
- João Gilberto: Já o cantor, compositor e violonista, considerado o Pai da Bossa Nova, venceu a categoria Álbum do Ano, neste mesmo ano de 1965, com este mesmo disco: Getz/Gilberto. João voltou a vencer o Grammy, desta vez de melhor álbum de World Music, em 2001, com o disco João Voz e Violão. Além disso, ele foi indicado a Melhor Performance Vocal de Jazz, em 1989.
- Eumir Deodato: Depois, o pianista e arranjador Eumir Deodato – que participou do movimento da Bossa Nova e depois também foi viver nos Estados Unidos, onde trabalhou com nomes como Frank Sinatra e Aretha Franklin e escreveu trilhas para filmes – ganhou o Grammy Award de Melhor Performance Pop Instrumental, em 1974, com Also Sprach Zarathustra, tema do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço. No mesmo ano, ele foi indicado a Artista Revelação e em 1981, foi indicado a Melhor Performance de R&B Instrumental, com o disco Night Cruiser.
- Sérgio Mendes: Em 1993, foi a vez de Sérgio Mendes, pianista, compositor e arranjador, que também fez muito sucesso tocando bossa nova no exterior, inclusive com uma música do Jorge Ben Jor: Mais Que Nada. Ele venceu a categoria Melhor Álbum de World Music, com o disco Brasileiro.
- Tom Jobim: Em 1996, Jobim venceu o Melhor Álbum de Jazz Latino, com o disco Antonio Brasileiro. Ele já havia sido indicado em 1963, para Melhor Arranjo, Instrumentos e Vocais com o álbum João Gilberto; em 1964, para Melhor Composição Original de Jazz, com a canção Meditation (parceria com Newton Mendonça, gravada por Laurindo Almeida e por Astrud Gilberto); em 1965, como Artista Revelação; e em 1968, como Álbum do Ano, com o disco Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim.
Artistas brasileiros indicados fora do nicho “Bossa Nova Internacional”
Foi a partir daí que começam a ser indicados nomes que estavam fora desse nicho “Bossa Nova Internacional”:
- Milton Nascimento ganhou Melhor Álbum de Música do Mundo, com Nascimento, em 1998. Antes disso ele havia sido indicado na mesma categoria em 1991, com o álbum Txai; e em 1995, com o disco Angelus. E ainda foi indicado em 2002, com o antológico Gil & Milton.
- Caetano Veloso venceu a mesma categoria de Música do Mundo (ou World Music) em 2000, com o álbum Livro; e ainda foi produtor do álbum João Voz e Violão, de João Gilberto, que venceu a mesma categoria no ano seguinte. Caetano ainda foi indicado mais três vezes: em 2002, a Melhor Álbum Latino Tropical, com o disco Canto; e em 2004, Melhor Disco de World Music Contemporânea, com o álbum Live In Bahia; e em 2017, com o encontro com Gil, Dois Amigos, Um Século De Música: Multishow Live, concorrendo mais uma vez na categoria World Music.
- Já Gilberto Gil venceu como Melhor Álbum de World Music, em 1999, com o disco Quanta Live; e como Melhor Álbum Contemporâneo de Música do Mundo, em 2006, com o disco Eletroacústico. Foi indicado ainda mais cinco vezes: em 2002, com o disco Gil & Milton, na categoria Música do Mundo; em 2008, como Melhor Álbum Contemporâneo de Música do Mundo, com Gil Luminoso; em 2009, pela mesma categoria, com o álbum Banda Larga Cordel; em 2016, com Gilbertos Samba Ao Vivo; e em 2017, com Dois Amigos, Um Século De Música: Multishow Live, em parceria com Caetano.
- Eliane Elias, pianista, compositora e cantora paulista que também foi morar nos EUA e trabalhou com vários nomes internacionais, vencendo o Grammy de Melhor Álbum de Jazz Latino, em 2016 e em 2022, com os discos Made In Brazil e Mirror Mirror. Ela ainda foi indicada em 2002, como Melhor Álbum de Grande Conjunto de Jazz, com o álbum Impulsive!; e em 1996, como Melhor Improvisação de Jazz Solo, na música The Way You Look Tonight.
- E por fim – mas não menos importante – a cantora Thalma de Freitas foi indicada – em 2020, a Melhor Álbum de Jazz Latino, com o disco Sorte.
Milton Nascimento recebendo Grammy pelo álbum ‘Nascimento’ (1998) | Foto: Agência O Globo/Jobim.org
Agora em 2023, Anitta concorre com:
- Omar Apollo (EUA);
- DOMi & JD Beck (França e EUA);
- Samara Joy (EUA);
- Muni Long (EUA);
- Latto (EUA);
- Måneskin (Itália);
- Wet Leg (Reino Unido);
- Molly Tuttle (EUA);
- e Tobe Nwigwe (EUA).
Boca Livre no Grammy Awards 2023
Além de Anitta, o conjunto vocal e musical brasileiro Boca Livre também figurou nos indicados ao Grammy 2023. O quarteto formado por Zé Renato, Lourenço Baeta, David Tygel e Maurício Maestro foi indicado na categoria Melhor Álbum de Pop Latino, por Pasieros – disco que gravaram em 2011, em parceria com o cantor, compositor e músico panamenho, Rubén Blades – mas que só foi lançado em maio de 2022.
O Boca Livre está fora de atividade desde o início de 2021, por conta de divergências políticas e sanitárias entre os integrantes: Zé Renato, Lourenço e David deixaram o grupo em janeiro, por conta de condutas do detentor do nome e dos direitos do Boca Livre, Maurício Maestro.
O álbum também foi editado em versão em português, intitulada Parceiros, com oito das onze faixas do disco original em espanhol, e contou com as letras em português versionadas por Fausto Nilo, Nei Lopes, Zeca Baleiro, Ivan Santos e Lourenço Baeta.
O Grammy 2023, 65ª edição da premiação, está agendado para acontecer no dia 5 de fevereiro do ano que vem, em Los Angeles (EUA).
E viva o sucesso e o alcance mundial da nossa amada música popular brasileira!