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O caso que chocou Curitiba em maio de 2022 volta à tona nesta quarta-feira (27), com a primeira audiência de instrução que decidirá se a travesti Thays Rocha Leite será levada a júri popular pela morte do empresário Walter Luiz Mariano Machado, de 36 anos.

Walter foi encontrado morto dentro de um Ford Ka no bairro Rebouças, com um corte no pescoço e caído sobre o banco do passageiro. Preservativos, incluindo um usado, foram localizados no veículo, e o celular da vítima desapareceu.
A audiência, na Vara do 1º Tribunal do Júri de Curitiba, vai ouvir testemunhas de acusação e defesa. Se todos os depoimentos forem concluídos, a própria Thays será interrogada para esclarecer os fatos e relatar sua versão do ocorrido.
A mãe da vítima, Maria Dolores de Marchi Machado, desabafou emocionada o que tem vivido à espera de Justiça durante estes anos todos.
“Três anos que se passaram. Minha vida acabou, porque ele sempre vai ser meu porto seguro na minha vida. O Walter era uma riqueza. A vida dele era para a academia. Gostava muito do Barigui, andava de longboard, a vida dele pacata, era do serviço para casa, gostava de academia”
disse Maria Dolores, mãe de Walter.Segundo a mãe de Walter, ninguém até hoje entendeu o que de fato aconteceu. Ela disse que o filho não era homossexual.
“A gente não se sabe, eu imagino que ele deve ter passado, de repente ela foi assim, induziu ele, eu não sei. A gente não sabe qual a causa disso, porque o Walter não era desse tipo de pessoa, para pegar o homossexual jamais na vida dele”.
comentou a mãe.
Mesmo idosa, a mãe optou por acompanhar as audiências. Ela comentou que não vai desistir até que a Justiça seja feita.
“Eu espero que a Justiça cumpra o dever dela, que julgue ela, porque tem que ser julgada mesmo, tudo o que ela fez. Como ela já tem o sangue humano nas mãos dela, que ela matou, ela vai matar outras pessoas também. A pessoa sempre faz uma barbaridade dessa, nunca vai parar, sempre está com o sangue humano já nas mãos”
desabafou Maria Dolores.Não foi legítima defesa, diz advogado
Para Igor Ogar, advogado da família e assistente de acusação, o caso é um exemplo clássico de homicídio qualificado.
“Nós temos aqui um caso clássico de homicídio, homicídio qualificado, inclusive. Não há o que se falar em legítima defesa. Todos os elementos de prova trazidos, levados aos autos, deixam claro que ali se praticou um homicídio. Ainda assim, nós temos que pontuar muito bem que nós estamos na fase de instrução”
afirmou Igor Ogar.O assistente de acusação disse que o único caminho para Thays é o julgamento pelo crime.
“Teremos sem dúvida alguma pronúncia. Havendo a pronúncia, teremos a sessão plenária no tribunal do júri. Esperamos que essa pessoa que praticou esse ato, esse ato que está inclusive respondendo, que é um crime de homicídio, seja devidamente condenada e presa, pague no cárcere tudo aquilo que praticou”
comentou o advogado.
Por outro lado, a defesa de Thays, representada por Alessandra Paola Ferreira, sustenta que a acusada agiu em legítima defesa. Inclusive, essa é a afirmação da travesti desde quando passou a ser investigada, segundo a advogada.
“A Thays, o que ela esclarece, o que ela diz é que ela foi agredida. Ela estava sendo agredida e os meios moderados, ela deu uma facada nele, para tentar repelir essa agressão que ela estava sofrendo. Depois disso saiu do local e só depois é que teve a informação que ele veio a falecer […]. A Thays entende que naquele momento era a única forma dela proteger a sua vida”
disse a advogada Alessandra Paola Ferreira.A defesa de Thays busca pela absolvição da travesti por legítima defesa. O desfecho da audiência será decisivo para determinar se ela vai ou não ao tribunal do júri.