Comprou o Twitter: afinal, Elon Musk é de direita ou esquerda? - Jornal Diário do Estado

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Compra do Twitter por Elon Musk divide opniões nas redes

Tem um magnata cinquentão por aí que está deixando todo mundo meio perdido e sem saber o que pensar. Afinal, quem é verdadeiramente Elon Musk, o homem mais rico do planeta, e a que veio? Com 265 bilhões na conta e investimentos em muitas áreas da tecnologia, o sul-africano naturalizado nos Estados Unidos já nos intriga só pelo título de seu livro, lançado em 2018: “Bem vindo ao futuro, que é meu“.

Mas o futuro que nos espera num mundo influenciado pela mente de Musk dependerá justamente do que se passa naquela cabeça que, provavelmente, no mínimo não se preocupa com boletos no final do mês. Fato é: o homem é inteligente, está bombando com a imagem de “corporativista libertário”, parece ter um discurso novo, controverso e que às vezes soa contraditório.

Explico: a ideia que Elon Musk vende para o mundo pode ser resumida no sonho de um futuro rodeado de tecnologia de ponta, com o uso de recursos alternativos e ambientalmente “limpos”, mas com o adendo de que todo esse desenvolvimento não altere nossas vidas de maneira doentia, ao contrário do que contam as distopias e filmes como a “fofa” animação Wall-E, em que seres humanos são representados todos gordos e burros porque as máquinas pensam e agem por eles.

Esta é a primeira contradição: Musk parece crer num futuro de carros elétricos (ele é dono da Tesla, produtora desses automóveis) e migrações para o espaço (ele também é dono da SpaceX, e investe em foguetes para colonizar Marte), mas critica ao mesmo tempo a loucura do estilo de vida da modernidade.

As pessoas podem se perguntar se seus investimentos, que incluem inteligência artificial através da empresa Open AI, e robótica, com a Neuralink, não contribuiriam justamente para o agravamento desta crise de comportamento. Para ele, no entanto, pode ser que não haja contradição alguma: talvez Elon tenha uma boa ideia, ou ao menos uma aposta, para aliar sanidade mental com toda aquela história de robôs e parafernália artificial – se é que isso é possível.

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Se estiver certo em suas apostas, o futuro corre sérios riscos de ser mesmo dele. Além da Tesla, SpaceX, Neuralink e Open AI, Musk investe em infraestrutura, construção de túneis e frete marítimo por meio da “The Boring Company” (a empresa chata, em português), e mais recentemente, no mercado de redes sociais com a quentíssima compra do Twitter (acho que o acordo de mais de 40 bilhões deve estar sendo fechado agora, enquanto escrevo).

Em todas as áreas do futuro, o moço está botando as mãos: nos transportes, nas viagens espaciais, nos robôs (que praticamente cumprem as funcionalidades domésticas) e agora no compartilhamento de informações e discursos através das redes sociais. Aqui, aparece um dilema: enquanto Musk critica a influência das grandes corporações atuando contra a liberdade de expressão nas redes, ele mesmo vai se tornando uma espécie de “dono de tudo”.

Isso pode, ao mesmo tempo, ser um grande problema, ou problema nenhum. Dependerá de quem ele é de verdade e de como se posiciona. Até agora, Elon Musk ainda se assemelha a um vidro baforado: através dele nós até vemos a forma, mas somos incapazes de distinguir a imagem nítida. Enquanto levanta a bandeira das causas climáticas, cuja afeição maior pertence à esquerda (e que beneficiaria suas companhias), o empresário tem se mostrado um crítico debochado do poder Estatal, da censura a conservadores e da mídia mainstream.

Ele mesmo não se define politicamente, e nem é obrigado, graças ao direito que todos deviam ter de nãos serem colocados em caixinhas pequenas ou em conceitos fechados. Os próprios termos “esquerda” e “direita”, que são vagos, poucos definidos e generalizantes (mas servem bem para títulos) são usados no máximo genericamente, por falta de palavras mais acuradas. E servem -para dar a ideia geral.

Mesmo sem se definir, Musk tem despertado admiração entre os conservadores. Já Twittou a famosa frase “tome a pílula vermelha“, em clara referência ao filme Matrix, sinalizando certa rejeição ao que a “direita” costuma chamar de stablishment. Também disse que o pânico contra o coronavírus é “burro”, que “69.420%” das estatísticas são falsas e (o meu preferido) postou um meme em que John Lennon toma um tiro por cantar a –infantil, pedante e falsamente pacifista– letra de Imagine.

Posando de empresário antissistema (pode mesmo ser), é prudente sinalizar que esse mesmo sistema parece estar deixando Elon agir tranquilamente, até agora. Com alguma sinalização de desprezo ou desaprovação, mas isso é tudo. Seria por conta dos dólares acumulados pelo “dono do futuro”? Vale lembrar que nem sempre dinheiro e poder andam juntos, pois a definição de poder é a capacidade de fazer com que as pessoas te obedeçam.

Neste mundo, devemos andar sempre no passo dos espertos: “com um pé na frente, e um pé-atrás”. Musk ainda dará muito o que falar. Talvez até aqui, nesta coluna. De fim imediato, deixo somente a observação de que o empresário é pai de sete filhos, bem a modelo de outros grandes bilionários (esses que gastam fortunas com o controle de natalidade da população, mas deixam eles mesmos uma grande prole para dar seguimento aos seus “negócios” no mundo).

E que venha o futuro!

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