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Rio - A 4ª Marcha Trans e Travesti ocupou os Arcos da Lapa, no Centro do Rio, neste sábado (22). O ato reuniu atividades culturais e uma série de serviços gratuitos voltados à população trans, além de cobrar o fim da violência contra pessoas trans e travestis. Segundo a organização do evento o Brasil segue liderando o ranking mundial de assassinatos nesse grupo.
A programação começou com uma roda de axé conduzida por povos de terreiros. Durante à tarde, cantores, dançarinos e DJs animaram o público com funk, pop, rap, trap e outros ritmos.
As organizações presentes pediram apoio para a continuidade de ações que buscam reverter o cenário de violações de direitos e exclusão social. Os movimentos também reivindicaram a ampliação de políticas públicas de proteção e inclusão.
“O Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. Os nossos corpos seguem sendo alvo de pessoas que negam a nossa existência”, afirmou Gab Van, coordenador da Marcha e diretor-geral da Liga Transmasculina.
Segundo o ativista, o tema deste ano reforça a necessidade de investimentos em direitos básicos. “Quando falamos em independência ou morte, falamos de recursos para as organizações trans continuarem lutando. Falamos de emprego e renda para que a nossa população possa existir. Viver, e não apenas sobreviver”, destacou.
Serviços gratuitos
O Núcleo da Diversidade Sexual da Defensoria Pública (Nudiversis) montou um posto para atendimento de retificação de nome civil. Já a Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com o Ambulatório Trans do Hospital Universitário Pedro Ernesto, ofereceu testagem rápida para ISTs e vacinação contra sarampo, hepatite e influenza.
O Governo do Estado, por meio do núcleo Empoderadas, promoveu ações de autoestima, como corte de cabelo e maquiagem. A Coordenadoria da Diversidade Sexual da Prefeitura e o programa Rio Sem LGBTIfobia realizaram atendimentos de empregabilidade, com cadastro de currículo, encaminhamento para vagas e orientações sobre direitos.
“A Marcha tem um papel agregador. Em muitos territórios ainda é muito difícil acessar direitos. Aqui oferecemos serviços gratuitos, como a retificação de nome, honrando nossos ancestrais que deixaram este plano sem alcançar esse direito fundamental”, afirmou o coordenador do evento.
A mulher trans Karyn Cruz procurou a Defensoria para dar entrada na retificação civil. “A Marcha é muito importante por gerar acesso a serviços e dar visibilidade à nossa pauta. Esses espaços nos proporcionam protagonismo e reafirmam nossa inserção na sociedade”, disse.
A atriz Frida Resende participou para reafirmar sua identidade travesti. “A Marcha é fundamental pro nosso futuro, pra gente continuar existindo. Por muito tempo eu tive minha existência reprimida. Estar aqui é afirmar a minha liberdade”, afirmou.
À noite, os Arcos se transformaram em uma grande pista de ballroom, com apresentações de artistas da cultura voguing, em clima de festa, resistência e celebração da identidade trans.


