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CartaCapital
Mesmo com votação expressiva, cerca de 34 candidaturas não puderam ser eleitas
Por Wendal Carmo | 20.10.2022 19h55
Congresso Nacional recebe iluminação especial para celebrar o dia do Orgulho LGBTI+. Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
O desempenho das candidaturas LGBTQIA+ nas eleições deste ano aponta para um desejo de renovação nos Parlamentos. Dados divulgados pela organização VoteLGBT com base na plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que mais de 3 milhões de votos foram destinados às candidaturas do movimento, um número considerado “inédito”.
Mesmo com votação expressiva, porém, cerca de 34 candidaturas não puderam ser eleitas devido ao quociente eleitoral. Três delas disputaram em partidos que não elegeram ninguém e 31 em partidos que conquistaram alguma cadeira, mas não conseguiram eleger todas as suas candidaturas competitivas. Em 10 desses casos, as candidaturas LGBT+ receberam mais votos que o último deputado eleito.
Em regra geral, os partidos só elegem deputados se atingirem o quociente eleitoral, que é o número de votos válidos de determinado estado dividido pelo número de vagas desse estado na Câmara dos Deputados. Nas eleições proporcionais, como é o caso da Câmara e das Assembleias Legislativas, o resultado leva em conta todos os votos dados ao partido ou federação. Assim, quanto mais votos um determinado partido recebe, mais deputados a legenda elege.
As candidaturas de pessoas LGBT+ negras e travestis também bateram recorde, segundo a organização. Das candidaturas que se autodeclararam negras, 59% eram do movimento e, juntas, somaram 72% dos votos, a maior média de votos entre as candidaturas LGBT+. Mulheres trans e travestis foram 22% das candidaturas LGBT+ e receberam um de cada três votos em LGBT+
Ao todo, foram 20 candidaturas LGBT+ eleitas, uma conquista que muda o cenário nos espaços de poder. Em Sergipe, por exemplo, é a primeira vez que a Assembleia Legislativa terá uma cadeira destinada a uma mulher trans, situação parecida com a Câmara dos Deputados, em Brasília, que nunca teve uma deputada federal transexual.
Para o cientista político André Carvalho, o crescimento na adesão às candidaturas LGBT+ se explica pela ausência de representação compatível com as vivências da classe trabalhadora no Parlamento. No entanto, afirma, o potencial dessas candidaturas ainda tem sido negligenciado pelos partidos políticos.
“Essas candidaturas costumam receber menos recursos do que candidatos héteros e cis. O número de eleitos e a expressividade das votações demonstram que a sociedade quer que essa temática tenha espaço no debate institucional. Espero que os partidos respondam aumentando o investimento no surgimento de quadros desse segmento e, também, investindo em suas candidaturas”, diz.

Wendal Carmo
Estagiário em CartaCapital
Twitter: @euwendal
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