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Briga de Nati, Jessi e Lina entristeceu o "BBB 22" (Foto: Reprodução/Globo)
A briga entre Natália, Lina e Jessilane tomou uma proporção que ninguém imaginava na madrugada desta quinta-feira (17) no "BBB 22". Natália perdeu o controle, quebrou objetos e precisou ser contida pelos colegas de confinamento, após expor que sente ciúmes de Lina e Jessilane.
Nati acredita que Linn da Quebrada tenta afastá-la de Jessil de propósito. Chamada de desleal, Lina chorou muito e afirmou que "não é esse monstro". Próxima das duas, Jessi não ficou bem, pois não queria que as amigas brigassem por causa dela. Resultado: todas expostas e magoadas.
Os vídeos são tristes e refletem muito mais que uma briga de "BBB". São três mulheres pretas discutindo por inseguranças e medos que elas mesmas não causaram umas nas outras. Uma espécie de autodefesa. Uma briga complexa e cheia de camadas.
Natália jogou objetos durante discussão (Foto: Reprodução/Globo)
Dores que ultrapassam o jogo
Falar sobre as "comadres" requer muita empatia. Com vitiligo, Natália carrega um histórico de rejeição e já teve gatilhos ativados no programa. Em janeiro, inclusive, ela perdeu o controle após Lucas e Eslovênia iniciarem um romance. Nati havia criado uma expectativa com o brother, que chegou a chamá-la de seu porto seguro. Durante a festa, porém, ele e Eslovênia ficaram juntos.
Mesmo que pela lei brasileira Natália não seja considerada PCD, é fato que não ter uma aparência normativa mexe com a autoestima da sister e com sua qualidade de vida. Se ver constantemente "rejeitada" é um gatilho que ela precisa enfrentar diariamente. Ver essa vulnerabilidade colocada em jogo, diante de todo o Brasil, é uma dor que ninguém tem direito de julgar.
Jessi também sabe como funciona o dia a dia de uma mulher preta e pobre. A professora de biologia já falou várias vezes sobre racismo e sua luta para investir em educação em um país desigual como o Brasil. A vivência de mulheres pretas na sociedade é repetidamente invalidada.
Top de Lina virou assunto no "BBB 22" (Foto: Reprodução/Globo)
Transexual, Lina tem o corpo mais marginalizado daquela casa. O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+, especialmente mulheres trans, de acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA). Em 2020, foram 175 pessoas trans assassinadas, sem contar o número de crimes não declarados.
Não por acaso, Lina é uma das participantes mais empáticas e acolhedoras do programa. Em uma festa, por exemplo, a atriz chegou a conversar com Vyni sobre seu crush por Eliezer. A única que enxergou a dor do cearense.
Nada para comemorar
Com tanto em comum, Lina, Jessi e Nati se uniram no confinamento, mas é natural que não tenham a mesma afinidade entre si. A convivência não é fácil. Talvez, pelo medo da rejeição que sofre aqui fora, Natália precise de mais atenção e não sabe como explanar a ponto de ser compreendida. Por outro lado, Lina e Jessi também têm suas cicatrizes e não podem ser responsabilizadas pelo que Natália sente.
Após a discussão desta quinta-feira (17), Lina afirmou que se afastaria das amigas. Por um momento, a atriz questionou o que fez para que tudo isso acontecesse. Ela não precisou dizer, o choro foi o suficiente para revelar seu medo de ter feito Natália passar, ainda que sem intenção, o que ela já passou a vida toda.
Uma briga como essa não é de se comemorar pelo "fogo no parquinho". Natália, Jessilane e Lina não discutiram sobre votos ou qualquer outro motivo relacionado ao jogo. Sem filtros, as "comadres" agiram com a mais absoluta verdade. E a verdade dói.